BLOG DO EDINHO SOARES: “EU PENSEI QUE ERA FILME DE TERROR”, DIZ HOMEM SOBRE ENTERRO DA MÃE VÍTIMA DA COVID-19

quinta-feira, 23 de abril de 2020

“EU PENSEI QUE ERA FILME DE TERROR”, DIZ HOMEM SOBRE ENTERRO DA MÃE VÍTIMA DA COVID-19

Emerson Francisco da Silva contou que a mãe, de 80 anos, foi hospitalizada depois de quebrar o fêmur, mas contraiu o novo coronavírus na unidade de saúde.

“Pensei que era filme de terror”, diz homem sobre enterro da mãe que morreu com Covid-19

"Eu pensei que era filme de terror [...] eu pensei que estava em outro mundo." Foi com essas palavras que Emerson Francisco da Silva, comandante da Marinha Mercante, descreveu o enterro da mãe, que morreu no domingo (19), vítima da doença Covid-19 (veja vídeo acima). O relato reforça as cenas fortes de sepulturas extras sendo abertas em cemitérios de Olinda e do Recife para receber mortos da pandemia.

Josefa Jaci, mãe de Emerson, tinha 80 anos e foi internada após quebrar o fêmur em casa. Segundo o filho, ela contraiu o novo coronavírus no hospital. "Não tive direito de olhar o corpo da minha mãe", afirmou o comandante.
Emerson Francisco da Silva, comandante da Marinha Mercante, perdeu a mãe por causa do novo coronavírus.

No Cemitério Parque das Flores, no Recife, foram 13 enterros realizados em 30 minutos no último domingo (19). Um deles, foi o de Josefa. "Me senti triste, né? Porque você tem uma família que não pode nem se despedir. É lamentável, triste. Eu não pude me despedir", declarou.

Os enterros no Recife têm seguido normas técnicas publicadas neste período de pandemia. Funcionários das funerárias e cemitérios precisam usar equipamentos de proteção individual (EPI). As sepulturas são identificadas apenas por números.

"Fisicamente não dá para identificar a cova. Existem dezenas ou centenas de covas lá, então o nosso acesso não é permitido. É através desse papel que vai ser identificada a cova da minha mãe porque não recebemos a permissão nem de se aproximar", disse Emerson.

Ele ainda explicou como funcionam os trâmites para enterrar o corpo. "Não há horários de enterro. Chegou, despachou com os trâmites e enterra porque as mortes estão vindo com quantidade. Não há tempo para marcar horário", contou.
  
A cena dos funcionários do cemitério vestidos com EPI da cabeça aos pés o assustou. Emerson disse que imaginou estar em outro mundo. "Eu pensei que era filme de terror. Os coveiros equipados com aquelas roupas de astronautas, o condutor do caixão todo vestido de astronauta, eu pensei que estava em outro mundo", afirmou.
Por Márcio Bonfim, TV Globo

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