Brasília/DF – A Polícia
Federal informa que concluiu a investigação referente aos boatos do
Programa Bolsa Família e encaminhou, nesta sexta-feira, 12, o relatório
final ao Juizado Especial Criminal do Distrito Federal.
Para que fossem
identificados os primeiros beneficiários, a Polícia Federal solicitou à
área operacional da Caixa Econômica Federal os registros de saques
realizados no período, bem como o padrão dos saques realizados nos meses
anteriores.
Do cruzamento dessas
informações, a PF constatou aumento anormal no volume de saques nas
cidades de Ipu (CE) e Cajazeiras (PB) já nas primeiras horas do sábado,
dia 18/5. Essas duas cidades apresentaram, proporcionalmente, o maior
número de saques dos benefícios no final de semana. A partir das 11 hs
da manhã do mesmo dia, verificou-se aumento incomum nas demais cidades
que sofreram grande procura nas agências bancárias.
A análise dos dados
permitiu a identificação e entrevista de 180 beneficiários dos estados
de Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba,
Pernambuco, Piauí e Rio de Janeiro. Entre esses beneficiários, constam
os primeiros sacadores das cidades de Ipu e Cajazeiras, além daqueles
que foram às agências bancárias a partir das 11hs do dia 18/5 nas demais
cidades. Também foram ouvidos 64 gerentes da Caixa Econômica Federal
nas localidades onde ocorreu o maior volume de saques.
Das pessoas ouvidas,
aproximadamente 40% encontrava-se na data correta do cronograma de
pagamento da bolsa. Entre os motivos que levaram os demais beneficiários
às agências bancárias, constam: a ciência da antecipação do pagamento
por motivos diversos, a informação de um possível adicional em virtude
do dia das mães e a notícia de um suposto cancelamento do programa,
respectivamente.
A PF analisou diversas
linhas investigativas para apurar se houve articulação na divulgação do
cancelamento do programa. Foram empenhados esforços para apurar uma
possível articulação coordenada para que os boatos surgissem e ganhassem
corpo.
Entre essas linhas de
investigação, foi analisada a possível utilização de redes sociais para
propagação dos boatos. Foi identificada uma postagem em uma rede social,
feita pela filha de uma beneficiária da cidade de Cajazeiras informando
sobre o saque antecipado de sua mãe. Essa foi a primeira menção na
internet a respeito do assunto. No entanto, a postagem desta informação
não foi a origem dos boatos. Assim sendo, a internet e as redes sociais
apenas reproduziram notícias veiculadas pela imprensa sobre os tumultos
em agências bancárias.
Da mesma forma, não ficou
configurada a utilização de rádios comunitárias, telemarketing ou
empresa contratada para a disseminação da informação de cancelamento do
programa. Apenas uma beneficiária no Rio de Janeiro noticiou ter
recebido telefonema a respeito, depoimento que não se repetiu em nenhuma
outra oitiva.
O relatório da Polícia
Federal aponta que o boato foi espontâneo não havendo como afirmar que
apenas uma pessoa ou grupo tenha causado os boatos envolvendo o Programa
Bolsa Família. Conclui-se, assim, pela inexistência de elementos que
possam configurar crime ou contravenção penal.
Fonte: A G
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