Depois de experimentarem, na eleição do ano passado, um dos mais altos índices de renovação no comando dos municípios (73%), os prefeitos brasileiros querem o fim da reeleição não só para eles, mas também para presidente da República e governadores, além de limitar o número de mandatos consecutivos de vereadores, deputados federais, estaduais e senadores. Foi o que eles responderam em uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) durante a 16ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, entre os dias 8 e 11. Na amostragem, que ouviu 622 gestores, eles opinaram sobre 12 temas da reforma política.
Segundo a pesquisa,
60,5% dos prefeitos dizem que a possibilidade de reeleição para cargos
executivos deve acabar e 39,5% deles querem manter a regra atual, em vigor
desde 1997. Em compensação, eles são favoráveis à ampliação do período do
mandato. Para 53,3% deles, o tempo para ficar no cargo deve ser ampliado de
quatro para seis anos. Já 37% defendem a duração de cinco anos e 9,7% não
querem mudanças.
Com mandatos maiores,
os prefeitos se mostraram favoráveis também à coincidência das eleições. Entre
os entrevistados, 83,5% consideram que prefeitos, governadores e presidente
devem começar e terminar os mandatos ao mesmo tempo. Para 16,5%, o sistema
atual, em que há uma diferença de dois anos entre a troca de prefeitos e a de
governadores e presidente, é adequado. Os prefeitos se manifestaram favoráveis
ainda à mudança na data de posse dos eleitos, que atualmente ocorre em 1º de
janeiro.
Principais cabos
eleitorais de deputados e senadores, os prefeitos mostraram na pesquisa que não
concordam com a permanência por muitos anos dos “parceiros” no poder. Apenas
para 26,7% deles, a reeleição indefinidamente, como é permitida hoje, deve
continuar. E 73,3% defendem que haja um limite no número de mandatos
parlamentares.
Planejamento
Para o presidente da
CNM, Paulo Ziulkoski, o que mais chama a atenção nas respostas dos prefeitos é
a defesa do fim da reeleição e da coincidência de mandatos. “Isso ocorre porque
eles estão decepcionados com os cargos e muitos deles apavorados por causa da
estrutura que o município tem que assumir em função da omissão de estados e da
União”, disse. A defesa de mandatos nos mesmos períodos, para ele, ocorre
porque possibilitaria um planejamento melhor aos prefeitos. “Os orçamentos hoje
são desconexos, tem que melhorar essa relação”, disse.
A ideia de limitar os
mandatos legislativos, segundo o presidente da CNM, é reflexo de uma relação
desgastada com os parlamentares. “Os prefeitos estão muito decepcionados com a
parte de atendimento dos deputados. No ano passado, só 1.280 municípios tiveram
verbas repassadas”, afirmou. Ainda na esfera parlamentar, 85% dos prefeitos
defendem que o suplente de senador seja escolhido por voto e não indicado, como
ocorre hoje.
O levantamento da CNM
também mostra que os prefeitos estão divididos sobre como devem ser escolhidos
os deputados e vereadores. Enquanto 42,4% defendem o voto distrital, 40,7%
querem o sistema proporcional, como é hoje. Outros 8,6% opinaram pelo sistema
distrital misto, 3,5% por lista fechada e 4,8% responderam que o melhor seria
outro modelo.
Ainda quanto ao sistema
de eleições, a maioria dos prefeitos opinou favoravelmente pelo voto
obrigatório. É o melhor para 58,4% deles. Já na definição de quem patrocina as
campanhas eleitorais, 49,2% preferem mudar para o sistema de financiamento
público, enquanto 36,6% defendem o sistema misto e 14,1% são favoráveis ao
financiamento privado. Os prefeitos também mostraram ser contrários à adoção do
recall político, aquele em que os eleitores podem revogar os mandatos de quem
não tiver um bom desempenho, e à candidatura avulsa, em que o político pode
concorrer sem ter partido.
Fonte: Diário de Pernambuco
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.