O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a ser alvo de ovos em
ato realizado neste domingo (25/03) em São Miguel do Oeste (SC). O petista tem
circulado pela região Sul com sua caravana desde o último dia 19.
Os manifestantes contrários à presença da caravana na cidade receberam os
ônibus com ovos e pedras a janela da frente do ônibus em que estava Lula acabou quebrada. Mais tarde, enquanto o petista
falava ao público, o palanque voltou a ser alvo de ovos.
Assessores chegaram a segurar guarda-chuvas ao redor de Lula para evitar
que ele fosse atingido.
"Esse cidadão está esperando que a gente fique nervoso, suba lá e dê
uma surra nele. A gente não vai fazer isso", disse o ex-presidente.
"Eu espero que a PM tenha a responsabilidade de entrar naquela casa, pegar
esse canalha e dar um corretivo nele, que ele precisa ter para não atacar ovo
nas pessoas."
Lula chamou os manifestantes que atiravam ovos de canalhas e completou:
"Haverá um dia em que esse filho da mãe vai cair numa desgraça tão grande
que ele vai implorar para ter um ovo para comer, e vai ter só a casca para
comer".
CHEGADA À CIDADE
Mais cedo, quando os três ônibus que integram a caravana do ex-presidente
chegaram a São Miguel do Oeste, cerca de 30 manifestantes arremessaram,
observados à distância por policiais militares, ovos e pedras.
A janela do motorista do ônibus ocupado por Lula foi quebrada, obrigando
que a caravana estacionasse no acostamento metros à frente. Carros particulares
também foram atingidos pelos manifestantes, que o esperavam no trevo de acesso
ao município.
Como minutos antes a PM tinha proibido a permanência de um ônibus do MST
no trevo onde Lula era aguardado por opositores, a comitiva estava sem a
escolta dos sem terra.
Irritado, o coordenador da caravana, Márcio Macedo, foi até os agentes
policiais encarregados da segurança da comitiva para cobrar responsabilidade. O
líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), procurou as autoridades responsáveis
pela integridade física do ex-presidente para exigir providências.
Na semana passada, Pimenta conversou pessoalmente com o ministro da
Defesa, Raul Jungmann. Os coordenadores da caravana também procuraram o
Ministério da Justiça e os governos dos três estados do Sul. Mas a tensão só se
agravou desde então.
O que aconteceu aqui foi um atentado.
Poderia ter acontecido uma tragédia, disse Pimenta.
Esse não é um ato político. É um ato
criminoso, criticou.
À noite, em ato em São Miguel, ovos foram lançados sobre o palanque onde
discursava o ex-presidente, gerando confusão entre o público presente. Coberto
por guarda-chuvas para deixar o local, Lula se disse triste e chamou os
agressores de canalhas.
Na véspera, o hotel onde Lula estava hospedado em Chapecó foi cercado por
aproximadamente cem pessoas, que tentavam bloquear seu acesso ao palco
instalado numa praça a 200 metros dali.
O ex-presidente deixou o hotel pelos fundos.
Coordenador da caravana, o ex-deputado Paulo Frateschi levou uma pedrada
na orelha esquerda na tentativa de proteger o ex-presidente.
Já na praça, manifestantes lançaram ovos e pedras contra seguranças e
apoiadores de Lula. Um professor de educação física foi atingido na cabeça.
Repetindo tática adotada ao longo de toda a caravana, manifestantes
soltaram fogos no momento em que Lula iniciava seu discurso.
Lula ironizou afirmando nunca ter sido recepcionado com tantos fogos. No
discurso, ele lamentou que os manifestantes não tenham doado esses ovos a quem
passa fome.
Ao perceber que Lula não conseguiria entrar no carro para voltar ao
hotel, Macedo fez um apelo ao microfone para que os militantes o escoltassem
até lá.
Nas cidades por onde Lula passou, os manifestantes repetem padrões.
Sempre um pequeno grupo é escalado para esperar passagem do
ex-presidente, informando os que estão poucos metros adiante.
Eles são orientados, por exemplo, a se dispersar no momento de aproximação
de policiais para desbaratá-los e escondem pneus no mato para queimá-los
impedindo a passagem do ex-presidente.
Da Folhapress- Cátia Seabra
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