O governo federal mexicano já atuou em mais de 20 municípios do estado de Michoacán e, até agora, a situação parece estar controlada pelo exército. No entanto, os grupos de autodefesa continuam patrulhando as imediações de cidades como Apatzingán, onde os chamados "Cavaleiros Templários" ameaçaram inclusive incendiar a igreja catedral.
O vigário geral da diocese de Apatzingán, Pe. Javier Cortés, solicitou
que o governo federal, a marinha e a polícia federal "ajam rapidamente,
mas ao mesmo tempo com prudência, pelo bem da população civil", pois, como
explicou o sacerdote, existe uma ameaça dos "Templários", um grupo de
narcotraficantes, sequestradores e assassinos, de queimar a catedral.
O Pe. Cortés contou que, apesar de tudo, os fiéis frequentam as igrejas
com fervor. "As pessoas saem das suas casas com muitas precaução, mas a
afluência, ao invés de diminuir, aumentou. Tudo isso porque percebemos o poder
da oração, um poder muito grande, e as pessoas precisam dela".
Quem se tornou um símbolo da participação da Igreja ao lado do povo e
dos grupos de autodefesa de Tierra Caliente é o Pe. Gregorio Lópes, de
Apatzingán, pároco de Nossa Senhora da Assunção. Conhecido como Pe. Goyo, ele tem 46 anos e há
dez vem denunciando a grave situação da chamada Tierra Caliente.
Ele sabe que suas denúncias podem levá-lo à morte. "Morrer lutando
pela liberdade do meu povo vale a pena", disse, em uma entrevista
apresentada pelo jornal mexicano "El Universal".
O Pe. Goyo se tornou uma referência na hora de mostram quem defende o
povo contra os Templários, que devastaram a região e aterrorizam as pessoas,
sobretudo os agricultores, fazendeiros e comerciantes de Tierra Caliente. Na
entrevista, o sacerdote contou que, cada vez que se reveste para celebrar uma
Missa, usa um colete à prova de balas sob a batina.
O Pe. Goyo disse que apoia o desarmamento dos grupos de autodefesa e
comunitários, quando os Templários desaparecerem. Também comentou que "os
comunitários (guardas comunitários) são pessoas nobres, simples, trabalhadores.
Não são um cartel, isso é uma mentira do Templários; são pessoas trabalhadoras
que nem entendem de leis; o único que sabem é que esse grupo de criminosos
estuprou suas esposas, sequestrou seus pais, roubou seus bens... Que o governo respeite
o que o povo decidir".
Perguntado sobre seu papel e se isso poderia torná-lo um líder da luta
do povo daquela região contra os narcotraficantes, o Pe. Goyo reconheceu que
seu papel "não é exercido por meio das armas, mas da consciência. A arma
mais poderosa que temos é a verdade, a consciência, a justiça, é conscientizar
as pessoas de que estamos sendo violados, profanados, pisoteados",
concluiu.
Reportagem/Aleteia
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