sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

PADRE CELEBRA A MISSA COM COLETE À PROVA DE BALAS


O governo federal mexicano já atuou em mais de 20 municípios do estado de Michoacán e, até agora, a situação parece estar controlada pelo exército. No entanto, os grupos de autodefesa continuam patrulhando as imediações de cidades como Apatzingán, onde os chamados "Cavaleiros Templários" ameaçaram inclusive incendiar a igreja catedral.

O vigário geral da diocese de Apatzingán, Pe. Javier Cortés, solicitou que o governo federal, a marinha e a polícia federal "ajam rapidamente, mas ao mesmo tempo com prudência, pelo bem da população civil", pois, como explicou o sacerdote, existe uma ameaça dos "Templários", um grupo de narcotraficantes, sequestradores e assassinos, de queimar a catedral.

O Pe. Cortés contou que, apesar de tudo, os fiéis frequentam as igrejas com fervor. "As pessoas saem das suas casas com muitas precaução, mas a afluência, ao invés de diminuir, aumentou. Tudo isso porque percebemos o poder da oração, um poder muito grande, e as pessoas precisam dela".

Quem se tornou um símbolo da participação da Igreja ao lado do povo e dos grupos de autodefesa de Tierra Caliente é o Pe. Gregorio Lópes, de Apatzingán, pároco de Nossa Senhora da Assunção.  Conhecido como Pe. Goyo, ele tem 46 anos e há dez vem denunciando a grave situação da chamada Tierra Caliente.

Ele sabe que suas denúncias podem levá-lo à morte. "Morrer lutando pela liberdade do meu povo vale a pena", disse, em uma entrevista apresentada pelo jornal mexicano "El Universal".

O Pe. Goyo se tornou uma referência na hora de mostram quem defende o povo contra os Templários, que devastaram a região e aterrorizam as pessoas, sobretudo os agricultores, fazendeiros e comerciantes de Tierra Caliente. Na entrevista, o sacerdote contou que, cada vez que se reveste para celebrar uma Missa, usa um colete à prova de balas sob a batina.

O Pe. Goyo disse que apoia o desarmamento dos grupos de autodefesa e comunitários, quando os Templários desaparecerem. Também comentou que "os comunitários (guardas comunitários) são pessoas nobres, simples, trabalhadores. Não são um cartel, isso é uma mentira do Templários; são pessoas trabalhadoras que nem entendem de leis; o único que sabem é que esse grupo de criminosos estuprou suas esposas, sequestrou seus pais, roubou seus bens... Que o governo respeite o que o povo decidir".

Perguntado sobre seu papel e se isso poderia torná-lo um líder da luta do povo daquela região contra os narcotraficantes, o Pe. Goyo reconheceu que seu papel "não é exercido por meio das armas, mas da consciência. A arma mais poderosa que temos é a verdade, a consciência, a justiça, é conscientizar as pessoas de que estamos sendo violados, profanados, pisoteados", concluiu.
Reportagem/Aleteia

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