Às vésperas do julgamento dos
recursos contra sua condenação em segunda instância na Lava Jato, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirma, em livro, que está
preparado para sua possível prisão, mas que pretende "brigar" nos
tribunais superiores para provar sua inocência.
"Eu estou pronto para ser preso", declara Lula no livro "A
Verdade Vencerá: O Povo Sabe Por Que Me Condenam" (ed. Boitempo), que será
lançado nesta sexta (16) em São Paulo. "Eu não vou sair do Brasil, eu não
vou me esconder em embaixada, eu não vou fugir. Vou estar na minha casa,
chegando em casa entre oito e nove horas da noite, indo dormir às dez horas,
acordando às cinco da manhã para fazer ginástica", diz.
Com 216 páginas, a obra reúne artigos e uma entrevista com o petista,
realizada em fevereiro deste ano em três encontros pelos jornalistas Juca
Kfouri e Maria Inês Nassif, pelo professor de relações internacionais Gilberto
Maringoni (que concorreu ao governo de São Paulo em 2014 pelo PSOL) e pela
editora Ivana Jinkings, diretora da Boitempo e organizadora.
Na entrevista, o petista afirma que descarta a possibilidade de se exilar
por acreditar que terá mais força para reverter sua condenação se continuar no
país. "Vou fazer a sociedade brasileira discutir os meus processos aqui
dentro", afirma. "Eu conheço companheiros que ficaram quinze anos
exilados e não tiveram voz aqui dentro, no Brasil."
TORNEIRO VS. JUÍZES
"Se eu tivesse cometido um erro, se eu tivesse cometido um crime, de
todos esses de que eu estou sendo acusado, talvez eu fizesse isso. Como tenho
plena consciência da minha inocência, eles vão pagar o preço", afirma, em
referência aos investigadores da Lava Jato, a quem acusa de perseguição.
"O preço que vai ser pago historicamente é a mentira contada agora.
Eu sei que é difícil eles [juízes e procuradores] aceitarem que um metalúrgico
torneiro mecânico diga que eles estão mentindo. Mas eles estão mentindo."
O escritor Luis Fernando Veríssimo assina o prólogo do livro. O prefácio
é escrito pelo cientista político Luis Felipe Miguel, recentemente alvo de
polêmica por ter criado uma disciplina na UnB que trata o processo de impeachment
da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) como "golpe de 2016".
Paulo Lopes/Futura Press
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