O aniversário das cidades irmãs promete animação em muitas festas
em Recife e Olinda. Na Cidade Alta, a partir das 18h30, uma solenidade
com direito à bolo gigante vai celebrar os 478 anos do município. A
cerimônia será em frente ao Palácio dos Governadores, na sede da
Prefeitura de Olinda.
O tradicional bolo
gigante vai homenagear o frevo, Patrimônio Cultural Imaterial da
Humanidade, a guloseima terá, como de costume, o peso dos anos completos
pela aniversariante e será feito com recheio de chocolate cobertura em
arte de papel arroz. O doce começou a ser feito ontem e
será montado a partir das 15h de hoje.
A
animação ficará por conta do afoxé Oxum Pandá e D’Breck. O Coral Encanto
de Olinda e suas 100 crianças fará a abertura do evento, que ainda terá
a participação do Maestro Spok e banda. Cortejos com passistas e
estandartes da Associação Carnavalesca de Olinda desfilarão pela
cidade. A festa contará também com a presença das Conxitas, Patusco,
Maracambuco, caboclos de lança, escolas de samba Preto Velho e Oriente,
Bandeirante do Samba, além das tradicionais serenatas com a participação
dos Seresteiros de Olinda e Luar de Olinda.
Recife
não foge da luta. Desde 1710
Palco de
grandes revoluções, o Recife foi, durante as primeiras décadas
do século 19, cenário digno de verdadeiros filmes de guerra,
inspirados nas idéias liberais, tão difundidas pela Europa
na época. A história da cidade, inclusive, está marcada
por confrontos desde o momento em que o próspero povoado foi elevado
à categoria de vila, em 1710. A partir daí, o Recife sempre
esteve no front de batalha, lutando pela liberdade e pela autonomia de
Pernambuco.
Conhecida
como a Guerra
dos Mascastes, a rixa entre o Recife e Olinda que acabou virando
brigas de rua entre os mascates (os comerciantes do Recife) e os pés-rapados
ou lisos (apelido da aristrocracia rural falida de Olinda) ficou cada
vez mais acirrada depois que Portugal decidiu dar o merecido título
ao ex-vilarejo de pescadores e reduto de comerciantes.
Com a movimentação
do porto cada vez maior, o Recife caiu de vez nas graças de Portugal
e o seu modelo mercantilista, passando a receber mais benefícios
e atrair mais comerciantes. Não é para menos que logo depois
da Independência do Brasil, a vila é elevada à cidade
(1823) e, mais tarde,à capital de Pernambuco (1827).
No cenário
nacional, o Recife se destacou como sede das três mais importantes
revoluções libertárias da História do Brasil,
que ocorreram no século 19: a Revolução
Republicana,em 1817; a Confederação
do Equador, em 1824; e a Revolução
Praieira,em 1848. A primeira é considerada como o único
dos movimentos colonias do Brasil que conseguiu passar da fase meramente
conspiratória - ao contrário do que a conteceu com a Inconfidência
Mineira (MG) e com a Revolta dos Alfaiates (BA).
A segunda
foi um movimento de caráter separatista, que envolveu também
o Ceará, a Paraíba e o Rio Grande do Norte. Nessa revolução
- na qual aparece aquele que é considerado o maior mártir
do Estado, o Frei
Caneca -, o Recife sedia mais uma vez os principais acontecimentos.
Já a terceira se destaca como o último movimento liberal
e interno que aconteceu no 2º Reinado do Brasil, revelando heróis
urbanos e marcos históricos da luta dos liberais contra os conservadores,
como a rua da Praia.
Por tudo
isso, o Recife talvez seja a cidade mais marcada e castigada do País,
devido a sua ação libertária e constante de combate
ao nepotismo. Uma lição para a História do Brasil.
(J.M.)
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