Câmara aprova
projeto de terceirização que precariza de vez o mercado de trabalho no Brasil,
permitindo que todas as atividades-fim de uma empresa sejam terceirizadas; com
isso, patrões poderão contratar seus funcionários sem garantias como férias,
décimo terceiro, licença maternidade, abono salarial e outros direitos
trabalhistas; trabalho temporário também foi ampliado de 3 para 9 meses com o
projeto aprovado nesta noite; 231 deputados aprovam o texto, contra 188
que votaram "não" e 8 abstenções; projeto foi apresentado durante o
governo FHC e já foi aprovado pelo Senado, portanto segue agora apenas para a
sanção de Michel Temer
247 - Sob
a presidência de Rodrigo Maia (DEM-RJ), a Câmara dos Deputados aprovou na noite
desta quarta-feira 22 o projeto de lei que regulamenta a terceirização no
Brasil, permitindo que ela seja praticada na atividade-meio e na atividade-fim.
Deputados da base de
Michel Temer argumentavam no plenário que o projeto criaria empregos, enquanto
os da oposição protestavam, alegando que o projeto retira direitos históricos
conquistados pelos trabalhadores.
O texto precariza
de vez o mercado de trabalho no Brasil, permitindo que todas as atividades de
uma empresa sejam terceirizadas, inclusive a principal. Numa escola, por
exemplo, até os professores poderão ser contratados de forma terceirizada.
Com isso, patrões
poderão contratar seus funcionários sem garantias como férias, décimo-terceiro,
licença-maternidade, abono salarial e outros direitos trabalhistas. O trabalho
temporário também foi ampliado de 3 para 9 meses.
Na primeira
votação, com 275 votos a 28 e 46 abstenções, foi rejeitado dispositivo do texto
do Senado e mantido trecho da redação da Câmara, sobre trabalho temporário,
para deixar claro que essa modalidade poderá ser usada nas atividades-fim e nas
atividades-meio da empresa.
Na segunda votação,
231 deputados aprovam o texto-base do projeto de lei, contra 188 que votaram
"não" e 8 abstenções. O projeto foi apresentado durante o governo FHC
e já foi aprovado pelo Senado, portanto segue agora, após as votações dos
destaques, apenas para a sanção de Michel Temer.
Para o jornalista
Fernando Brito, do Tijolaço, o Congresso aprovou nesta noite a "Lei do
Gato".
Quais são as diferenças em relação à terceirização
existente hoje?
A primeira: permite
a terceirização total da força de trabalho, ao contrário do que ocorre hoje, em
que ela é possível nas atividades-meio da empresa – limpeza, vigilância,
recepção e escritório, por exemplo – e permite, em tese, que uma grande
empresa não tenha sequer um funcionário próprio, subcontratando empresas
locadoras de mão de obra.
A partir de agora,
uma fábrica não precisa mais ter empregados próprios, uma grande loja não
precisa ter mais vendedores, uma escola não precisará de professores, um
hospital não precisará ter médicos, enfermeiros e nem mesmo auxiliares.
Não é preciso ser
nenhum gênio para saber que para que isso signifique economia, mesmo pagando o
lucro do intermediário, só há duas maneiras. Uma, contratar pessoas que ganham
menos – e os terceirizados, segundo o Dieese, ganham em média 30% que os
empregados diretos . Outra, reduzir encargos trabalhistas, o que significa, na
prática, não recolher ou não pagar os deveres patronais.
O truque, neste
projeto, é que a empresa contratante só passa a responder por dívidas
trabalhistas se o “gato” que serviu intermediários tiver bens a penhorar
e não tiver “sumido” no mundo.
Mas há pior, porque
legaliza dois absurdos.
O primeiro, a
contratação indiscriminada como “pessoa jurídica” e, portanto,, sem direito a
férias, 13°, FGTS, aviso prévio…
O segundo, o
contrário temporário “eterno”. Hoje , o trabalho temporário é limitado a 180
dias, mas passa a ser de nove meses ou, se não houver proibição via convenção
coletiva da trabalho, prorrogar-se sem limites. Este empregado não tem direito
a aviso prévio, multa do FGTS…
Esta
monstruosidade, numa incrível violação da Constituição, se estende também ao
serviço público., exceto para o “marajanato” das chamadas “carreiras de
Estado”, os bem pagos.
Por último, se
aprovada – e deve ser – este regresso ao tempo pré-Vargas, é a consagração do
“gato”.
Porque é a
ressurreição de um projeto retirado de pauta há 15 anos, oriundo do período
FHC, quando a Câmara aprovou outro, menos lesivo aos trabalhadores, há menos de
dois anos.
Que é jogado no
lixo, na falta de se poder jogar a Lei Áurea.
Não tendo mais como
entregar a Reforma da Previdência, Temer correr para entregar o possível.
PS. O Governo acaba
de aprovar o projeto, por 232 votos a favor, 188 contrários e oito
abstenções. Venceu, mas com sabor de derrota, porque está pelo menos 76
votos de obter número para a Reforma da Previdência.
Brasil 247
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