Irregularidades administrativas,
cabide de emprego, nepotismo, funcionários fantasmas e favorecimento de
pessoas foram algumas das denúncias registradas no Ministério Público de
Pernambuco, na Promotoria de Orobó, em relação ao Hospital Severino
Távora. A unidade hospitalar é gerida pelo Círculo de Trabalhadores
Cristãos de Orobó e vem enfrentando uma das maiores crises de sua
história. Por ser uma unidade filantrópica, sua manutenção acontece
através de recursos do Ministério da Saúde, através do Sistema Único de
Saúde (SUS) – repassados pela prefeitura de Orobó.
No encontro, o diretor médico do
hospital, Afrânio Magalhães, deixou claro a dificuldade em encontrar
médicos disponíveis para atuar no interior com o valor disponível na
folha de pagamento. “A grande dificuldade é porque somos uma entidade
filantrópica, ou seja, o hospital não é municipalizado. Os recursos que
recebemos através do SUS não são suficientes para pagar a folha de
médicos e manter o hospital”, revelou o diretor. A diferença entre os
salários pagos na capital também dificultam as contratações. “Qual o
médico que quer sair da capital para dar plantão no interior onde ele
tem no Recife um valor maior?”, questionou Afrânio. “Os médicos de PSF
não querem dar plantão no hospital, mas como o prefeito se propôs a
bancar a folha de médicos vamos aguardar melhores condições”, completou.
A gravidade das denúncias contra o
círculo trouxe para a audiência o presidente da Federação dos Círculos
Operários de Pernambuco (FECOPE), Nivaldo Santos. O presidente garantiu a
intervenção do hospital e solicitou 180 dias da promotoria para
apresentar um relatório de auditoria. “Fomos solicitados para soerguer o
hospital. Os recursos são poucos e a federação está intervendo e
implantando uma nova gestão para que a população não sofra”, garantiu
Nivaldo. Em relação às denúncias de cabide de emprego, ele garantiu que a
FECOPE investigará todos os casos. “Vamos apurar todos os fatos, pois
não aceitamos esse tipo de comportamento. Apoiamos à prefeitura a só
pagar aos prestadores, aqueles que recebem sem trabalhar devem ser
banidos imediatamente”, desabafou Santos.
Insatisfeito com a sua imagem
sendo utilizada como culpada dos problemas registrados no Hospital
Severino Távora, o prefeito Cléber Chaparral, colocou a prefeitura como
parceria na resolução dos problemas. “Registramos denúncias de
funcionários recebendo sem receber. Ninguém apoia uma atitude dessas.
Esse hospital é de Orobó, mas existe uma meia dúzia querendo se
beneficiar e não podemos caminhar assim. Se quiserem vender eu compro e
entrego a população”, disparou o prefeito. “Nos últimos dias vimos o
povo sofrendo e jogando a culpa no prefeito. Mas vamos colocar um
diretor administrativo para controlar as finanças. Só vai receber quem
estiver trabalhando e assinando livro de ponto”, declarou Chaparral.
A promotora Sofia Volfovitch garantiu a reportagem do Jornal Viver Notícias que
todas denúncias serão investigadas. “A partir do momento que recebemos
as denúncias instauramos um inquérito civil. Primeiro sobre a ausência
de médicos nos plantões e a cultura de médicos que deixam o hospital
antes que outros assumam o plantão. Também vamos investigar as denúncias
de que o círculo trabalha com cabide de emprego. Se tiver improbidade
administrativa e as faltas éticas como abandono de plantão vamos
denunciar ao Conselho Regional de Medicina para as medidas cabíveis”,
pontuou a representante do MPPE.
Matéria Publicada no JVN | Edição 108| Imagem Edinho Soares
FONTE: BLOG DO AGRESTE - ESCRITO POR ALFREDO NETO
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