Por/Anita Efraim - Vacinas podem gerar efeitos colaterais, veja quais são considerados normais e quais não são (Foto: Mario Tama/Getty Images)
É normal que, ao tomar vacinas, você sinta
algum efeito colateral. O mesmo acontece com a vacina contra a covid-19. Na
maior parte dos casos, não há motivos para desespero, alguns sintomas são
comuns e não devem ser motivo de preocupação.
Nesses casos, pode tomar medicamentos?
Quais? E quais devem ser evitados? Beber depois de vacinar pode dar problemas?
Por outro lado, alguns sintomas podem
acender um alerta e é importante. Caso sejam identificados, é preciso procurar
uma unidade de saúde.
Quais sintomas são considerados normais
após tomar a vacina?
Nos dois primeiros dias é normal sentir:
Sensibilidade, dor, sensação de calor,
vermelhidão, coceira, inchaço ou hematoma (manchas roxas) onde a injeção é
administrada.
Sensação de indisposição de forma geral
Sensação de cansaço (fadiga)
Calafrio ou sensação febril
Dor de cabeça
Enjoos (náusea)
Dor nas articulações ou dor muscular
Esses são sintomas considerados normais por
Julio de Carvalho Ponce, Bacharel em Farmácia Bioquimica e Doutor em Epidemiologia
pela USP.
Ethel Maciel, enfermeira, professora da
Universidade Federal do Espírito Santo e pós-doutora em Epidemiologia pela
Universidade Johns Hopkins, cita os mesmos sintomas e ainda lembra que esses
efeitos são comuns ao tomar outras vacinas, como por exemplo a antitetânica.
Há medicamentos recomendados caso os
sintomas sejam intensos?
Segundo Eder Gatti, infectologista do
Hospital Emílio Ribas, referência no tratamento da covid-19, os efeitos
adversos listados preocupam o paciente, mas sabe-se que não evoluirão para algo
mais grave. “Nesses casos, é só a pessoa tomar um analgésico ou um antitérmico
que normalmente melhora”, explicou. “Esses eventos adversos são limitados e,
normalmente, duram nos primeiros dois dias”, afirmou Gatti.
O infectologista evita fazer recomendações,
mas menciona que não há problemas em tomar dipirona ou paracetamol. “É sempre
importante a pessoa procurar assistência médica se ela estiver diante de uma
situação inusitada ou que foge do esperado”, alerta.
Em caso de dor no local da aplicação, o
paciente também pode aplicar uma compressa gelada.
Algum medicamento é contraindicado?
Doutor em Epidemiologia, Julio Ponce cita
que há medicamentos que podem prejudicar a resposta imune, mas não são os
remédios vendidos sem prescrição. "É sempre importante que pacientes com
uso continuado de algum medicamento nessa categoria consultem seus médicos para
avaliar a necessidade de alguma adaptação próximo à época de vacinar",
alerta.
Sobre os medicamentos que podem ser usados
para aliviar os sintomas normais, como paracetamol, ibuprofeno ou dipirona, ele
alerta que nenhum deve ser tomado preventivamente, como forma de evitar os
efeitos colaterais.
"Importante fazer uso sempre de acordo
com o estabelecido na bula, e sempre que necessário com recomendação de um
médico ou um farmacêutico. Esses medicamentos podem causar efeitos colaterais,
se consumidos em excesso. Caso esses sintomas se exacerbem ou durem mais do que
48 horas, com piora do quadro, deve-se buscar atenção médica."
Tem algum alimento ou bebida que possa
piorar os sintomas e que é melhor evitar?
Segundo Ethel Maciel, pela bula das
vacinas, não há qualquer contraindicação de qualquer tipo de comida ou bebida.
Às vezes, especialistas o alerta em relação ao álcool, mas, de acordo com a especialista,
só é preciso ter moderação.
“A gente sempre fala do álcool porque o
álcool diminui a nossa imunidade. Quando a gente toma vacina, a gente está
fazendo uma estimulação do nosso sistema imunológico. Mas, se a pessoa tomou
vacina e quer beber um copo de cerveja, um copo de vinho, não é
contraindicado”, explica.
Quais sintomas acendem um sinal de alerta e
o que fazer nesses casos?
Ter sintomas leves nos dois primeiros dias
é normal, mas, caso os efeitos persistam no terceiro e quarto dia, Ethel Maciel
recomenda voltar à unidade básica de saúde onde foi vacinado para fazer um
acompanhamento. “Passou aqueles dois dias e você continua sentindo? É melhor
procurar um sistema de saúde para avaliação”, explica.
Outros sintomas que podem acender um alerta
são:
Dor mais intensa
Dor no peito
Dor nas pernas
Inchaço nas pernas
Visão embaçada
“A gente tem que procurar um serviço de
saúde, pode ser aquele no qual você se vacinou, porque tem que ser aberta uma
ficha de acompanhamento daquilo que a gente chama de ‘evento adverso
pós-vacinal’. É preciso fazer uma avaliação para que possíveis efeitos de maior
gravidade sejam rapidamente identificados e tratados se for o caso”, afirma.
Eder Gatti reforça que é importante
procurar sistemas de saúde porque os casos poderão ser notificados ao programa
de imunização. “O programa de imunização tem um sistema de vigilância de
eventos adversos pós-vacinação que contabiliza todos esses eventos adversos e
permite que o PNI tome conduta referentes ao uso das vacinas”, aponta.
Com os casos notificados, explica o
infectologista, o Ministério da Saúde é capaz de identificar problemas nos
imunizantes, como um lote ruim ou restrição de uso em determinado grupo.
Julio Ponce reforça que as vacinas são
seguras e casos de trombocitopenia são muito raros, mas podem acontecer.
"Caso após 4 dias, até 4 semanas, os inoculados sintam dor de cabeça que
fica progressivamente pior, sem melhor com anti inflamatórios comuns, visão
turva, fala enrolada, tontura e convulsões, marcas avermelhadas semelhantes a
sangramento sob a pele, falta de ar, dor no tórax, inchaço de pernas ou dor
abdominal persistente, é importante buscar ajuda médica imediata."
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