O Desembargador
federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz se manifestou sobre decisões
divergentes envolvendo a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT).
Por G1 RS
Presidente
do TRF-4 decide manter Lula na prisão
O presidente
do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), desembargador federal Carlos
Eduardo Thompson Flores Lenz, determinou na noite deste domingo (8) que o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continue preso e que o processo
retorne ao relator dos casos da Lava Jato na Corte, desembargador federal João
Pedro Gebran Neto.
"Nessa
equação, considerando que a matéria ventilada no habeas corpus não desafia
análise em regime de plantão judiciário e presente o direito do Des. Federal
Relator em valer-se do instituto da avocação para preservar competência que lhe
é própria (Regimento Interno/TRF4R, art. 202), determino o retorno dos autos ao
Gabinete do Des. Federal João Pedro Gebran Neto, bem como a manutenção da
decisão por ele proferida no evento 17", destacou Thompson Flores no
despacho.
A discussão
teve início com a decisão do desembargador federal plantonista do TRF-4 Rogério
Favreto, que mandou soltar Lula na manhã deste domingo, o que ocasionou uma
sequência de decisões divergentes envolvendo a soltura do ex-presidente.
Veja as
decisões deste domingo:
Pela manhã,
o desembargador federal plantonista do TRF-4, Rogério Favreto decidiu conceder
liberdade a Lula;
Em seguida,
o juiz Sérgio Moro afirmou que o desembargador plantonista não tinha
competência para mandar soltar Lula;
Logo depois,
Favreto emitiu um novo despacho, reiterando a decisão de mandar soltar o
ex-presidente;
No início da
tarde, o Ministério Público Federal pediu a reconsideração da decisão sobre o
pedido de soltura;
O
desembargador federal João Pedro Gebran Neto, relator dos processos da Lava
Jato em segunda instância, determinou que não fosse cumprida a decisão de
Favreto;
Em resposta
ao relator, o desembargador federal plantonista do TRF-4, Rogério Favreto
voltou a ordenar a soltura do ex-presidente Lula;
Presidente
do TRF-4, desembargador federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, decidiu
durante a noite que Lula continue preso e o processo retorne ao relator dos
casos da Lava Jato na Corte, desembargador federal João Pedro Gebran Neto.
Favreto é desembargador
plantonista e já foi filiado ao PT. Ele se desfiliou ao assumir o cargo no
tribunal.
Em setembro
de 2016, durante votação da Corte Especial do TRF-4, ele foi o único que votou
a favor da abertura de um processo administrativo disciplinar contra Moro e por
seu afastamento cautelar da jurisdição, até a conclusão da investigação.
O juiz Moro
está em férias, mas, segundo a assessoria da Justiça Federal do Paraná,
"por ser citado como autoridade coatora no habeas corpus, ele entendeu
possível despachar no processo".
O presidente
do TRF-4 explicou em sua decisão que o plantão judiciário não se destina ao
exame de um pedido já apreciado pela Corte. Assim, determinou que a Polícia
Federal se abstenha de modificar a decisão colegiada da 8ª Turma do TRF-4.
"Não há
negar a incompetência do órgão jurisdicional plantonista à análise do writ e a
decisão de avocação dos autos do habeas corpus pelo Des. Federal Relator da
lide originária João Pedro Gebran Neto há de ter a sua utilidade resguardada
neste momento processual", diz parte do despacho.
Em nota
assinada pelo advogado Cristiano Zanin Martin, a defesa do ex-presidente se
manifestou sobre a determinação da soltura de Lula. O texto, elencado em cinco
pontos, diz que o juiz Sérgio Moro não poderia impedir o cumprimento da
determinação de Favreto por estar em férias. Além disso, considera incompatível
a atuação de Moro, e acrescenta que ele trabalha em parceria com o MPF de
Curitiba. Por fim, a defesa sustenta que o petista sofre perseguição política e
reforça que usará todos os meios legais para provar que a prisão de Lula é
"incompatível com o Estado de Direito". Leia abaixo a íntegra da
nota.
A presidente
nacional do PT, Gleisi Hoffmann, criticou por meio de nota a Polícia Federal
pelo não cumprimento da ordem de soltura dada pelo desembargador plantonista
Rogério Favreto. Ela também criticou o juiz Sérgio Moro, o desembargador João
Pedro Gebran Neto e o presidente do TRF-4, desembargador Thompson Flores, por
não acatarem a decisão de Favreto. Gleisi também criticou os tribunais
superiores que, segundo a nota, deveriam agir. E exigiu que a decisão seja
cumprida.
Leia a
íntegra da nota da defesa do ex-presidente:
"Em
relação ao habeas corpus impetrado por parlamentares em favor perante o TRF4
-Tribunal Regional Federal da 4ª. Região (HC nº5025614-40.2018.4.04.0000/PR) a
defesa técnica do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva registra que:
1 - O juiz
de primeira instância Sergio Moro, em férias e atualmente sem jurisdição no
processo, autuou decisivamente para impedir o cumprimento da ordem de soltura
emitida por um Desembargador Federal do TRF4 em favor de Lula, direcionando o
caso para outro Desembargador Federal do mesmo Tribunal que não poderia atuar
neste domingo (08/07);
2 - É
incompatível com a atuação de um juiz agir estrategicamente para impedir a
soltura de um jurisdicionado privado de sua liberdade por força de execução
antecipada da pena que afronta ao Texto Constitucional — que expressamente
impede a prisão antes de decisão condenatória definitiva (CF/88, art. 5º,
LVII);
3 - O juiz
Moro e o MPF de Curitiba atuaram mais uma vez como um bloco monolítico contra a
liberdade de Lula, mostrando que não há separação entre a atuação do magistrado
e o órgão de acusação;
4 - A
atuação do juiz Moro e do MPF para impedir o cumprimento de uma decisão
judicial do Tribunal de Apelação reforçam que Lula é vítima de “lawfare”, que
consiste no abuso e na má utilização das leis e dos procedimentos jurídicos
para fins de perseguição política;
5 - A defesa
de Lula usará de todos os meios legalmente previstos, nos procedimentos
judiciais e também no procedimento que tramita perante o Comitê de Direitos
Humanos da ONU, para reforçar que o ex-presidente tem permanentemente violado
seu direito fundamental a um julgamento justo, imparcial e independente e que
sua prisão é incompatível com o Estado de Direito."
Lula
condenado
Lula foi
condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex em
Guarujá (SP), pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Para os
três desembargadores da 8ª Turma do TRF-4, que julgaram o processo, há provas de
que Lula recebeu propina da construtora OAS por meio da entrega do triplex e
reformas no imóvel.
Eles
mantiveram a condenação determinada pelo juiz Sérgio Moro por unanimidade e
aumentaram para 12 anos e 1 mês a pena de Lula, que se tornou o primeiro
ex-presidente do Brasil condenado por crime comum.
O petista se
entregou à Polícia Federal no dia 7 de abril. Ele está em uma sala especial de
15 metros quadrados, no 4º andar do prédio da PF, com cama, mesa e um banheiro
de uso pessoal. O espaço reservado é um direito previsto em lei.
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