Apesar de avisar que permaneceria
calado durante interrogatório da CPI da Petrobras em Curitiba, no Paraná, o
ex-deputado Pedro Corrêa disse que nunca recebeu qualquer repasse ilícito de
Alberto Youssef. Corrêa afirmou aos deputados federais que Lula só não foi preso
“porque ninguém tem coragem.”
Pedro Corrêa admitiu ter conhecido o
ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. “O senhor o
apoiou para ser nomeado?”, perguntou Valente. “Eu o apoiei para ser nomeado
para outra empresa, a TBG, e depois ele se credenciou para ir para a
Petrobras”, respondeu Corrêa.
De acordo com Pedro Corrêa, o esquema
de desvio de recursos da Petrobras só começou em 2006, quando ele já não era
mais deputado. “Se fosse verdade o conteúdo das delações premiadas do Paulo
Roberto Costa e do Alberto Youssef eu teria algo entre R$ 21 e R$ 25 milhões.
Onde está este dinheiro?”, disse Corrêa ao responder pergunta do deputado Ivan
Valente (Psol-SP).
“Eu sei onde está”, contestou
Valente. “O senhor foi presidente de partido (PP), o senhor faz política, o
senhor repassou o dinheiro para os deputados do seu partido”, concluiu. E leu
trechos de depoimentos que mencionavam repasses para vários deputados do PP,
inclusive a filha de Pedro Corrêa, a ex-deputada Aline Corrêa.
“Minha filha só foi eleita da
primeira vez por conta da votação de Paulo Maluf e Celso Russomanno em São
Paulo”, disse Pedro Corrêa. E completou: “Eu não tenho mandato desde 2006 e
como é que podem dizer que eu continuei a receber dinheiro? Político sem mandato
não tem influência, o senhor sabe”, disse o ex-parlamentar.
“Tem sim. O Lula”, rebateu o deputado
Delegado Waldir (PSDB-GO). “Como o Lula tem influência? Tanto não tem
influência que querem botar ele na cadeia e só não fazem isso porque não tem
coragem, se não vai acontecer o que aconteceu na época da morte do Getúlio
Vargas: as pessoas vão para a rua”, disse Corrêa.
Apoio a Paulo Roberto
O ex-deputado negou que o PP ameaçou
sair da base aliada caso Paulo Roberto Costa não fosse nomeado. Segundo Correa,
na época o líder do PP era o deputado José Janene – apontado por Alberto
Youssef como o principal nome do esquema de desvio de dinheiro da Petrobras por
meio do pagamento de propina por empresas contratadas.
“O presidente Lula nomeou Paulo
Roberto Costa por pressão do PP?”, perguntou o deputado Izalci (PSDB-DF). “Quem
nomeia é o Conselho Administrativo da Petrobras. O governo só indica”,
respondeu Corrêa.
A reunião para ouvir o ex-deputado
continua no auditório do Foro da Seção Judiciária do Paraná.
Até agora, a CPI já ouviu a doleira
Nelma Kodama e René Pereira (condenado por tráfico de drogas e ligado ao
doleiro Alberto Youssef). Os ex-deputados André Vargas e Luiz Argôlo preferiram
ficar calados. Ainda devem ser ouvidos hoje o doleiro Carlos Habib Chater e o
publicitário Ricardo Hoffmann (acusado de pagar propina para André Vargas).
Do JC
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