'Me sinto culpado', diz pai de menina
baleada ao defendê-lo, em Goiás
Após uma semana, estado de saúde de menina
baleada segue gravíssimo
Bala atravessou a cabeça da menina atingida
ao defender o pai, diz médico.
O crime teria acontecido após uma discussão por
causa de uma pizza entre o dono de uma pizzaria e o pai da menina, o
serralheiro Sinomar Lopes, que era cliente do estabelecimento. A vítima e a
irmã Pérola Alves Lopes, de 14 anos, abraçaram o pai quando viram a arma
apontada para ele. O suspeito então atirou três vezes. Dois disparos atingiram
a adolescente, na perna e na cabeça. O atirador fugiu do local. Ele teve a
prisão preventiva decretada e está foragido.
Os médicos tinham
explicado que a bala atravessou a cabeça dela e, por isso, o estado de saúde da
garota era considerado gravíssimo. A equipe médica informou na semana passada
que menos de 10% de pessoas sobrevivem a este tipo de lesão. "É bastante
grave a lesão em si. E ela também está correspondendo à lesão. Ela também tem
um quadro clínico bastante grave", explica Nasser Tannús, diretor técnico
do Hugo.
A câmera de segurança
do estabelecimento registrou o momento em que o serralheiro entra na pizzaria
(veja vídeoao lado). Do lado de trás do balcão está o proprietário. Há dois
meses, os dois tinham discutido porque Sinomar não quis pagar por uma pizza que
havia demorado muito. Armado, George manda Sinomar sair. Do lado de fora, as
duas filhas de Sinomar tentam tirá-lo dali.
"Eu cruzei os
braços e falei pra ele, sabe: Você quer atirar? Você atira, pode atirar. Virei
as costas ainda pra ele atirar, ele não atirou em mim, você entendeu?",
relata o serralheiro.
Pérola Lopes relata os
minutos de tensão: "Quando eu vi o homem já tava apontando a arma pra ele.
Eu falei assim: 'Solta a arma, por favor'. Nisso minha irmã já saiu do carro
correndo, aí abraçou meu pai e eu também, puxando ele pra ir pro carro. Aí o
homem falou: 'Vocês saem da frente, saem da frente'. Aí a Kerolly falou: 'Moço,
por favor, abaixa essa arma'".
Pai de menina baleada
se sente culpado por filha ter sido atingida, em Aparecida de Goiânia, Goiás
(Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)Pai de Kerolly, Sinomar Lopes: 'Me sinto
culpado'
(Foto: Reprodução/ TV
Anhanguera)
O vídeo mostra quando
as meninas cercam o pai, puxam, mas Sinomar insiste em ficar. Uma delas pede
ajuda para um homem que passa pela rua, mas ele foge.
Pelas imagens do vídeo,
é possível ver quando Kerolly deixou o pai e a irmã mais velha na calçada e
correu em direção a uma farmácia, em busca de ajuda. Nesse momento, George se
aproxima de Sinomar e de Pérola e faz o primeiro disparo. Pai e filha recuam.
Ao ouvir o tiro, Karolly volta. A partir desse momento, o vídeo não mostra mais
o que acontece, mas o suspeito acerta um tiro na cabeça de Kerolly.
Dernorteado, o atirador
corre, mas antes de entrar no carro e fugir ele volta até a esquina com o
revólver na mão. A fuga de George foi filmada por pessoas que passavam pelo
local. As testemunhas se revoltam, mas ele aponta a arma contra elas.
Culpa e dor
Em entrevista ao
Fantástico, o pai de Kerolly, Sinomar Lopes declarou se sentir culpado pelo que
aconteceu. “Eu me sinto culpado. O que eu estou sentindo é dor demais, é
sofrimento pra caramba e mágoa, culpa demais da conta”, declarou.
Ele se emocionou e
falou da angústia ao ver a filha hospitalizada. "Hoje eu queria estar no
lugar dela. Queria! Eu queria ser naquela hora lá. Porque o pai mesmo é pai e
herói do filho, né? Eu estou sentindo no meu coração que, naquela hora, eu não fui
ninguém. Uma culpa imensa vendo aquela menina lá", desabafou o pai.
Prisão preventiva
Quinze horas depois da
confusão o suspeito de atirar em Kerolly se apresentou em uma delegacia. Ele
prestou depoimento alegando ter disparado em legítima defesa, mas não foi
preso. A lei determina que alguém seja preso em flagrante apenas se for detido
no momento do crime, depois de uma perseguição ou se ainda estiver com a arma
usada. Como não havia pedido de prisão, ele acabou liberado.
O suspeito teve a
prisão temporária decretada pela Justiça na noite de terça-feira (30). Como a
polícia não conseguiu encontrá-lo e o comerciante não se entregou, ele é
considerado foragido. O advogado que o acompanhou no depoimento desistiu da
defesa.
Do G1 Goiás
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