Da Reuters/Ricardo Moraes
Investigações da PF apontam que advogado que defende Adélio assumiu caso
de graça para aparecer na mídia
Desde o ataque, Bolsonaro vem apontando que financiador de defesa estaria
por trás da facada
O advogado Zanone Júnior, defensor de Adélio Bispo de Oliveira, autor da
facada contra o presidente Jair Bolsonaro (PSL) durante a campanha eleitoral de
2018, assumiu de graça o caso do esfaqueamento para ganhar holofotes na mídia.
É o que apontam as investigações da Polícia Federal no inquérito que apura se
há relação entre a defesa e o mandante do atentado.
As informações são do jornalista Lauro Jardim, publicadas em seu blog no
jornal O Globo.
Zanone já havia feito o mesmo quando defendeu - também de forma gratuita
- um ex-policial que se envolveu no caso do goleiro Bruno, conhecido como Bola.
O advogado inicialmente disse que os honorários estavam sendo pagos por
fiéis de uma igreja em Minas, informação desmentida pela cúpula das Testemunhas
de Jeová. A igreja soltou uma nota desmentindo e dizendo não ter nenhuma
vinculação com parentes de Adélio, tampouco com o autor do atentado contra o
presidente.
Após se dar conta do equivoco, Zanone fez a mea culpa e falou que na
realidade, tratava-se por uma pessoa ligada "à família e a uma congregação
evangélica de Montes Claros". Segundo a PF, o advogado teria inventado a
história.
Desde que sofreu o atentado, Bolsonaro tem sido enfático em cobrar da PF
uma solução para o caso. Recentemente, o presidente afirmou que Adélio faz
“jogadinha de ser maluco”.
Em avaliação psiquiátrica, Adélio Bispo de Oliveira, que confessou o
crime, foi considerado inimputável por sofrer de Transtorno Delirante
Persistente, não podendo ser punido criminalmente. No entanto, ele poderá ser
alvo de medida de segurança, como internação por período a ser determinado pela
Justiça.
Adélio foi preso após o atentado, e está detido no presídio federal em
Campo Grande (MS).
MOTIVAÇÃO
Em avaliação psiquiátrica, Adélio afirmou que cometeu o atentado porque o
então candidato teria “uma conspiração da maçonaria para tomar o poder e
entregar as riquezas do país ao FMI, aos maçons e à máfia italiana”.
Para Adélio, se eleito, Bolsonaro mataria “os pobres, pretos, índios,
quilombolas, homossexuais, só ficando os ricos maçons dominando as riquezas do
Brasil”.
CASO BOLA
Zanone já defendeu outro cliente que ficou conhecido, em um caso
polêmico. Ele era o advogado do ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos,
o Bola, condenado a 27 anos de prisão pelo assassinato, em 2010, da modelo
Eliza Samudio, ex-namorada do goleiro Bruno. O atleta, que à época jogava no
Flamengo, também foi condenado a 22 anos de prisão, por homicídio e ocultação
de cadáver.
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