A inflação oficial
desacelerou em agosto e ficou abaixo do esperado diante da forte queda dos
preços dos alimentos, acumulando alta inferior a 2,5 por cento em 12 meses e
mantendo aberto o caminho para que o Banco Central prossiga reduzindo os juros
básicos mesmo diante de sinais de retomada da economia.
O
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,19 por cento em
agosto, contra avanço de 0,24 por cento em julho, informou nesta quarta-feira o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), menor taxa para o mês
desde 2010 (+0,04 por cento).
Nos
12 meses até agosto, o IPCA subiu 2,46 por cento, patamar mais fraco desde
fevereiro de 1999 (2,24 por cento) e abaixo dos 2,71 por cento vistos até julho.
Assim, o índice foi ainda mais abaixo do piso da meta oficial de inflação para
este ano, de 4,5 por cento com margem de 1,5 ponto percentual.
Pesquisa
da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 0,31 por cento
em agosto, acumulando em 12 meses avanço de 2,60 por cento. O resultado final
ficou abaixo até mesmo das estimativas mais baixas no levantamento.
O
IBGE informou que os preços dos alimentos recuaram pelo quarto mês seguido em
agosto, a 1,07 por cento, contra queda de 0,47 por cento em julho. O movimento
deveu-se ao início da colheita da boa safra agrícola no país, com destaque para
feijão-carioca (-14,86 por cento), tomate (-13,85 por cento), açúcar cristal
(-5,90 por cento) e leite longa vida (-4,26 por cento).
"A
safra e a demanda menor estão contendo a inflação. Os alimentos reúnem 153
itens, sendo que 100 estão em queda e muitos de peso relevante na mesa dos
trabalhadores", explicou o gerente do IBGE para o IPCA Fernando Gonçalves.
COMBUSTÍVEIS
O
resultado do grupo Alimentação e Bebidas compensou em boa parte a alta de 1,53
por cento de Transportes no mês, provocada principalmente pelo aumento de 6,67
por cento nos preços dos combustíveis. O IBGE explicou que, dentro do período
de coleta do IPCA do mês passado, foram anunciados 19 reajustes de preços da
gasolina dentro da nova política da Petrobras.
A
inflação fraca foi um dos fatores que ajudaram a impulsionar a economia no
segundo trimestre, em cenário de desemprego caindo mais rápido do que o
esperado.
"A
desaceleração da inflação ajuda a retomar o padrão de vida da população. Com o
fim do efeito do FGTS na economia, a inflação e os juros mais baixos oferecem
perspectiva de que o consumo pode melhorar", afirmou o economista-sênior
do banco Haitong, Flávio Serrano.
Apesar
dos sinais de melhora econômica, a pressão inflacionária contida favorece a
manutenção do ritmo forte de corte de juros na reunião do Comitê de Política
Monetária (Copom) do BC que termina nesta noite, e abre ainda mais espaço para
Selic mais baixa ao final desse ciclo de afrouxamento monetário.
"Ajuda
a reforçar um cenário de Selic ainda menor este ano. Com os números recentes, o
BC pode levar os juros para mais próximo de 7 por cento, ainda que tenha que
voltar a elevá-los no ano que vem", avaliou o economista da Votorantim
Corretora Carlos Lopes, que vai reduzir sua projeção de Selic de 8 por cento
este ano.
A
expectativa em geral é de mais um corte de 1 ponto percentual, o quarto dessa
magnitude, na reunião do BC desta quarta-feira, levando a Selic para 8,25 por
cento. [nL2N1LI1RQ]
Veja a inflação do
IPCA por categoria:
Agosto Julho
- Alimentação e
bebidas -1,07 -0,47
- Habitação 0,57 1,64
- Artigos de
residências 0,20 -0,23
- Vestuário 0,29 -0,42
- Transportes 1,53 0,34
- Saúde e cuidados
pessoais 0,41 0,37
- Despesas pessoas 0,29 0,36
- Educação 0,24 -0,02
- Comunicação -0,56 -0,02
- IPCA 0,19 0,24
Por/Rodrigo Viga
Gaier e Camila Moreira – Colaboradores: Thaís Freitas; Edição de Patrícia
Duarte
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