Reportagem - O Globo/Marcelo Ribeiro
Bolsonaro já havia incluído, na semana passada, as áreas de construção
civil e atividades industriais na lista. (Foto: AP Photo/Eraldo Peres)
O presidente Jair Bolsonaro anunciou que assinou um decreto para incluir
academias, salões de beleza e barbearias na lista de serviços essenciais. A
intenção é que estas categorias sejam preservadas em decretos de restrição de
circulação de governadores e prefeitos. Na semana passada, o presidente já
tinha incluído construção civil e atividades industriais na lista.
“Saúde é vida. Academias, salões de beleza e barbearias foram incluídas
em atividades essenciais. Isso aí é higiene, é vida”, disse o presidente, ao
retornar para o Palácio da Alvorada nesta segunda-feira.
O presidente afirmou que o combate ao coronavírus precisa ocorrer
"paralelamente" à questão do emprego. “Vou repetir. Questão da vida
do vírus tem que ser tratado paralelamente com o emprego”, disse.
O presidente voltou a defender o isolamento vertical, o que restringiria
a circulação apenas de pessoas em grupos de risco, como idosos e portadores de
outras doenças como cadiopatias e diabetes. Ele negou que os decretos sobre
atividades essenciais sejam uma tentativa de burlar as decisões de governadores
e prefeitos sobre distanciamento social.
“Eu não burlo nada, saúde é vida”, disse o presidente, afirmando ainda
que "desemprego mata".
IDA SURPRESA AO STF
Na semana passada, Bolsonaro se reuniu com um grupo de empresários e teve
uma reunião marcada de última hora com o presidente do STF (Supremo Tribunal
Federal), Dias Toffoli, onde pediu a reabertura do comércio e volta à
normalidade no país.
Entre as razões citadas pelo presidente estão novamente as medidas
restritivas adotadas por governadores e prefeitos. O ministro, por sua vez,
cobrou da União maior coordenação com estados e municípios.
Marco Polo de Mello Lopes, diretor da Aço Brasil, representou o grupo
empresarial no encontro. Antes da ida a pé até o Supremo, Mello Lopes e outros
diretores de indústrias de diversos setores do país estavam reunidos com Bolsonaro
no Palácio do Planalto.
No apelo, o presidente pediu que o Brasil “voltasse à normalidade” e
alertou que se o país mergulhasse em uma possível crise economia “dificilmente
sairia dela”. Bolsonaro e Guedes chegaram a falar em “virarmos uma Venezuela” e
que, para o presidente, mais valioso do que a vida era a liberdade.
O presidente voltou a apontar que as medidas restritivas de governadores
e prefeitos seriam as culpadas por essa situação em que a indústria brasileira
se encontra.
As manifestações diretas feitas pelos membros do grupo empresarial
destacaram que a má situação da indústria brasileira que, segundo eles, estaria
“na UTI” durante a pandemia. Mello Lopes pediu a Toffoli que a “roda” da
Economia voltasse à rodar, caso contrário poderia haver a “morte de CPNJs”.
O presidente do Supremo agradeceu à explanação e sugeriu a possibilidade
de criação de um comitê de crise, unindo federação e empresariado, que possa
coordenar uma saída do isolamento social. Toffoli também cobrou de Bolsonaro
uma coordenação maior com os estados e municípios, com que o presidente tem
tensionado sua relação desde o início da crise da Covid-19. O líder do
Judiciário também ressaltou que o Supremo observou a Constituição em suas
decisões.
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