Em uníssono, Globo, Folha e Estado de
S. Paulo gritam contra a decisão do Congresso, sancionada pela presidente Dilma
Rousseff, de elevar os recursos do fundo partidário. Globo segue hoje a linha
aberta pela Folha ontem e aponta expansão de 490% das verbas. Estado, em
editorial, fala em "afronta aos brasileiros". Mas a questão, no
entanto, é outra: no momento em que doações oficiais de empresas são criminalizadas
pela Lava Jato e que, portanto, todas as companhias minimamente sérias se
recusarão a realizar doações, quem irá financiar a política e a própria
democracia? A depender do que pregam os jornais, o dinheiro virá do caixa dois
e do submundo do crime.
As três famílias que respondem pelo
jornalismo impresso no Brasil, os Frias, os Mesquita e os Marinho, selaram um
pacto em favor da continuidade da farra empresarial na política, que é a raiz
de todos os escândalos recentes de corrupção.
Exemplo disso é a gritaria em torno
dos recursos para o fundo partidário, que foram aprovados pelo Congresso
Nacional e sancionados pela presidente Dilma Rousseff, no Orçamento-Geral da
União.
Neste ano, os recursos do fundo serão
de R$ 867,5 milhões, que cresceram significativamente em relação aos R$ 308,2
milhões do ano passado.
A elevação tem uma explicação direta:
Lava Jato. Como a operação conduzida pelo juiz Sergio Moro criminalizou as
doações oficiais de campanha, colocando na cadeia alguns dos principais
doadores do País e também o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, João
Vaccari Neto, cujo crime foi receber doações legais, aprovadas pela Justiça
Eleitoral, o sistema de financiamento privado à política brasileira foi
implodido em Curitiba.
Algumas empresas atingidas pela Lava
Jato estão à beira da falência e entraram com pedidos de recuperação judicial.
As que sobreviveram estão colocando em seus estatutos proibições expressas a
qualquer tipo de doação. E já fizeram chegar aos partidos a informação de que
não doarão nenhum centavo nas próximas eleições.
Isso significa, na prática, que a
maneira de financiar a política e, portanto, a própria democracia no Brasil
será o fundo partidário. Não porque o Congresso tenha feito uma reforma
política nessa direção. Mas porque qualquer empresa, minimamente prudente,
ficará distante da política.
O financiamento público, no entanto,
não agrada às famílias midiáticas. Em seu editorial, o Estado trata o aumento
dos recursos como "aberração" e defende que os partidos vivam apenas das
contribuições dos seus militantes. Globo e Folha também estão na mesma campanha
que pode ter, como corolário, a produção de mais e mais escândalos de
corrupção.
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