Paiva Netto
Quem se integra no verdadeiro espírito da
Caridade não mais aceita o egoísmo. Deus é quem nele habita. E este sentido de
Fraternidade, Solidariedade, Generosidade, que é Deus, vive em todos e por
todos os seus Irmãos em Humanidade. Disse o Buda (aprox. 563-483), o iluminado
mentor que nasceu na Índia: “O sofrimento é universal; a causa do sofrimento
são os desejos egoístas; a cura do sofrimento está em libertar-se dos desejos;
o modo de livrar-se dos desejos é através de uma perfeita disciplina mental”.
Deus é Caridade. Em sua Primeira Epístola, 4:8 e 16, João Evangelista explica que “Deus é Amor”. Ora, Caridade é sinônimo de Amor. Todos precisam dele, o mundo necessita de Caridade. Eis a Estratégia Divina para a perfeita condução dos povos, quando os seres humanos alcançarem que Política plena é aquela que, cuidando do cidadão, infere que este, além de corpo, também possui Alma. Diante desse Ser completo, teremos uma nação integrada na Solidariedade Ecumênica, portanto Social, Altruística. Quando isso ocorrer, o sofrimento, incluído o psíquico, passará ao largo. Afinal, vivemos o terceiro milênio. Algo terá de mudar, nem que demore mil anos.
Erigir um Império de Boa Vontade
A Caridade, na sua expressão mais profunda,
deveria ser um dos principais estatutos da Política, porque não se restringe ao
simples e louvável ato de dar um pão. É o sentimento que — iluminando a Alma do
governante, do parlamentar e do magistrado — conduzirá o povo ao regime em que
a Solidariedade é a base da Economia, entendida no seu mais amplo significado.
Isso exige uma reestruturação da Cultura, por intermédio da Espiritualidade
Ecumênica e da Pedagogia do Afeto, no meio popular e como disciplina acadêmica.
Contudo, no campo intelectual, que o seja sem qualquer tipo de preconceito que reduza,
em determinadas ocasiões, a perspectiva de grandes pensadores analíticos, pelo
fato de alguns deles se submeterem a certos dogmatismos ideológicos e
científicos, o que é inconcebível partindo de mentes, no supino, lucubradoras.
Até porque a Ciência é pródiga em conquistas para o bem comum. Mas também, no
seio dela, houve os que muito sofreram incompreensão, por causa do
convencionalismo castrador, mesmo de certos pares que apressadamente os
prejulgavam. Vítimas deles foram Sócrates, Bias, Baruch Spinoza, Dante
Alighieri, Galileu Galilei, Semmelweis, William Harvey, Samuel Hahnemann, Maria
Montessori, Luísa Mahin, dr. Barry J. Marshall, dr. J. Robin Warren e outros
nomes célebres, universalmente acatados.
Em suma, a Caridade, sinônimo de Amor, é
uma Ciência especial, a vanguarda de um mundo em que o ser humano será tratado
como merece: de forma digna, portanto, civilizada. De acordo com o que escrevi
em Globalização do Amor Fraterno, estaríamos, assim, erigindo um Império de Boa
Vontade neste planeta, o estado excelente para o Capital de Deus, o Espírito
Eterno do ser humano, o que verdadeiramente somos em essência —, que circula
por todos os cantos e não mais pode aceitar especulação criminosa de si mesmo.
(...)
Esta ponderação da educadora e escritora brasileira Cinira Riedel de Figueiredo (1893-1987) vem ao encontro do que anteriormente abordamos: “De cada homem e cada mulher depende o aprimoramento de tudo quanto nasce, cresce, vive e se transforma sobre a Terra, porque, de fato, nada morre. Existe uma contínua transmutação, e devemos ser os guias para que essa transformação se faça uma ascensão constante, tornando-se cada vez mais bela e mais perfeita para representar melhor a vida que a anima”.
José de Paiva Netto ― Jornalista,
radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com
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