Emerson Francisco da Silva contou que a mãe, de 80 anos, foi
hospitalizada depois de quebrar o fêmur, mas contraiu o novo coronavírus na
unidade de saúde.
“Pensei que era filme de terror”, diz homem sobre enterro da mãe que
morreu com Covid-19
"Eu pensei que era filme de terror [...] eu pensei que estava em
outro mundo." Foi com essas palavras que Emerson Francisco da Silva,
comandante da Marinha Mercante, descreveu o enterro da mãe, que morreu no
domingo (19), vítima da doença Covid-19 (veja vídeo acima). O relato reforça as
cenas fortes de sepulturas extras sendo abertas em cemitérios de Olinda e do Recife
para receber mortos da pandemia.
Josefa Jaci, mãe de Emerson, tinha 80 anos e foi internada após quebrar o
fêmur em casa. Segundo o filho, ela contraiu o novo coronavírus no hospital.
"Não tive direito de olhar o corpo da minha mãe", afirmou o
comandante.
Emerson Francisco da Silva, comandante da Marinha Mercante, perdeu a mãe
por causa do novo coronavírus.
No Cemitério Parque das Flores, no Recife, foram 13 enterros realizados
em 30 minutos no último domingo (19). Um deles, foi o de Josefa. "Me senti
triste, né? Porque você tem uma família que não pode nem se despedir. É
lamentável, triste. Eu não pude me despedir", declarou.
Os enterros no Recife têm seguido normas técnicas publicadas neste
período de pandemia. Funcionários das funerárias e cemitérios precisam usar
equipamentos de proteção individual (EPI). As sepulturas são identificadas
apenas por números.
"Fisicamente não dá para identificar a cova. Existem dezenas ou
centenas de covas lá, então o nosso acesso não é permitido. É através desse
papel que vai ser identificada a cova da minha mãe porque não recebemos a
permissão nem de se aproximar", disse Emerson.
Ele ainda explicou como funcionam os trâmites para enterrar o corpo.
"Não há horários de enterro. Chegou, despachou com os trâmites e enterra
porque as mortes estão vindo com quantidade. Não há tempo para marcar
horário", contou.
A cena dos funcionários do cemitério vestidos com EPI da cabeça aos pés o
assustou. Emerson disse que imaginou estar em outro mundo. "Eu pensei que
era filme de terror. Os coveiros equipados com aquelas roupas de astronautas, o
condutor do caixão todo vestido de astronauta, eu pensei que estava em outro
mundo", afirmou.
Por Márcio Bonfim, TV Globo
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