Ex-porta-voz da presidente Dilma Rousseff
e ex-ministro da secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto, o jornalista
Thomas Traumann considera que não há mais como o governo reagir para tentar
impedir o impeachment da petista. A votação do processo de afastamento da
presidente está prevista para ocorrer neste domingo (17) na Câmara dos
Deputados.
Na análise do ex-ministro, o governo teve
o controle da situação até o posicionamento do procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, que recomendou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a anulação da
nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil.
Em parecer, divulgado na última
quinta-feira, 7, o procurador disse ver elementos de "desvio de
finalidade" da presidente na escolha do petista para assumir o ministério.
Dilma, segundo o procurador, teria intenção de tumultuar as investigações da
Operação Lava Jato.
"Acho que acabou. Não consigo ver
mais nenhum tipo de reação que o governo possa ter. A partir da decisão do
Janot, teve uma virada. A decisão do Janot mostrou uma fragilidade muito grande
do governo. Uma coisa era, para as pessoas que estavam negociando, ter o Lula
como chefe da Casa Civil, com a caneta na mão. A outra é não ter", afirmou
Traumann ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
"O governo demorou para reagir, até
agora não reagiu... há um dominó que vem da sexta-feira para cá. Não teve
reação nenhuma do governo em relação a isso, o que é uma questão básica. Os
acordos que estão sendo feitos vão ser cumpridos?", ponderou.
O ex-porta-voz de Dilma tem atuado
atualmente na iniciativa privada e como consultor também tem procurado
integrantes da cúpula do PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer, que tem
atuado abertamente pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff.
Traumann esteve reunido ontem em Brasília
com o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Moreira Franco, braço direito
do vice. O jornalista nega que tenha sido feito qualquer convite para a
participação de um possível "governo Temer".
"Estou na iniciativa privada. Estou
como consultor e tenho que entender a política como ela está, ter um termômetro.
Ontem foi um dia muito importante, um dia decisivo... Faço cenários para
mostrar para onde estão indo as coisas e por isso tenho que conversar com as
pessoas", ressaltou.
O ex-ministro deixou o Palácio do Planalto
em março de 2015, uma semana após o jornal O Estado de S. Paulo revelar o
conteúdo de um documento reservado que previa "caos político" e
criticava a "comunicação errática" do governo Dilma.
Do Estadão
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