Guilherme, Verônica, Lorenzo, Dante, Michelotto, Dandara e Geovana
integram a comunidade transexual e travesti da UFPE./Foto: Guga Matos/JC Imagem
Guilherme, Veronica, Lorenzo, Dante, Michelotto, Dandara e Geovana
integram a comunidade transexual e travesti da UFPE.
Foto: Guga Matos/JC Imagem - Margarida Azevedo
Em um universo de quase 47 mil pessoas, entre alunos de graduação e
pós-graduação, professores e técnicos administrativos, eles ainda são minoria.
Não chegam a 1% da população universitária. Mas aos poucos, transexuais e
travestis vão conquistando espaço na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),
a maior instituição pública de ensino superior do Estado. São pelo menos 20
estudantes e um servidor que encaram diariamente o desafio de vencer a
LGBTfobia e de transformar a academia em um espaço que realmente respeite as
escolhas de cada um.
“A cara da universidade pública brasileira, atualmente, reflete a
diversidade da nossa população devido às políticas implementadas pelo governo
federal e às lutas dos movimentos sociais”, destaca a responsável pela
Diretoria LGBT da UFPE, Luciana Vieira. A diretoria foi instituída ano passado.
Um ano atrás também foi criada portaria que reconheceu o nome social de
travestis e transexuais nos registros da universidade. Em Pernambuco, as outras
quatro instituições públicas de ensino superior (UFRPE, UPE, IFPE e Univasf)
também adotam a mesma regra.
“Se pensarmos no quantitativo geral de pessoas na UFPE, certamente, haver
20 trans é um número baixo. No entanto, se levarmos em consideração que a maior
parte da comunidade trans e travesti não consegue finalizar o ensino médio
devido à transfobia e ao não respeito ao nome social e uso do banheiro,
certamente, é um número significativo”, observa Luciana.
Com o início do ano letivo e o ingresso de mais quatro mil novos
estudantes – as aulas começaram na última segunda-feira – a diretoria retoma a
campanha #MeuNomeImporta. A ação estimula alunos e alunas trans a adotarem seu
nome social. Outra iniciativa é alertar a comunidade universitária para o
direito que as pessoas trans têm de usar o banheiro de acordo com o gênero que
escolheram.
Dandara Luisa, 21 anos, acaba de ingressar na UFPE. É aluna do primeiro
período do bacharelado em ciências sociais. Está prestes a concluir o curso de
psicologia em uma faculdade particular. A discriminação na instituição privada
foi tamanha que tentaram expulsá-la depois que ela assumiu, em março do ano
passado, a identidade feminina.
“Os corpos que fogem das normas são corpos sem importância para a
sociedade. Ainda há uma resistência e uma não aceitação para aquilo que é visto
como anormal. Pisar na UFPE é uma desconstrução muito grande. Percebemos
pessoas nos rejeitando, com olhar de desaprovação, que se sentem
desconfortáveis com a nossa presença. O desafio é desconstruir isso”, diz
Dandara.
Verônica - Foto/Arquivo pessoal - Facebook |
“A sociedade não espera encontrar um transexual na universidade. A
marginalização é grande. Se eu falasse que estava na prostituição não chocaria
tanto quanto quando digo que estudo na UFPE. Sou uma das melhores alunas da
minha turma graças ao meu esforço”, afirma Verônica Valente, 26, do terceiro
período de psicologia. “Aos poucos a universidade vai se abrindo, vamos
conquistando espaço. Se depender da nossa vontade, não vamos parar”, garante
Verônica.
Do JC
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