BLOG DO EDINHO SOARES: TIAGO OROBÓ: ELE JÁ FEZ BICO EM PADARIA, SÓ VIROU JOGADOR COM 'VAQUINHA' E FICOU CINCO MESES DESEMPREGADO; AGORA, É ARTILHEIRO DO BRASIL EM 2020

segunda-feira, 2 de março de 2020

TIAGO OROBÓ: ELE JÁ FEZ BICO EM PADARIA, SÓ VIROU JOGADOR COM 'VAQUINHA' E FICOU CINCO MESES DESEMPREGADO; AGORA, É ARTILHEIRO DO BRASIL EM 2020

Do ESPN

Principal artilheiro do Brasil em 2020 com 12 gols marcados (oito no Estadual e quatro na Copa do Nordeste), Tiago Orobó vive a melhor fase da carreira. O atacante do América-RN vive um sonho após ter passado um período de cinco meses desempregado no ano passado.
Depois de ter atuado no Paranaense de 2019 pelo Maringá-PR, ele chegou a negociar com dois clubes estrangeiros, mas não obteve sucesso.

O jogador de 26 anos precisou voltar para casa à espera de uma oferta.

"Pela primeira vez passei por isso na carreira. Eu fiquei muito triste porque na minha cidade ficava aquele 'fala fala' toda hora. É muito chato. Algumas pessoas duvidavam se eu ainda iria jogar. "Foi doída a história, mas nunca pensei em desistir", contou Tiago Orobó, ao ESPN.com.br.

"Eu treinava por conta própria todos os dias com meus amigos. Jogava pelada esperando alguma coisa acontecer. Foi muito difícil, mas não cheguei a desistir. O pouco que tinha juntado já estava saindo bola para ajudar minha família", afirmou.

O pai do atacante trabalha com jogo do bicho enquanto a mãe está desempregada há mais de dez anos por causa de um problema na coluna.

"Fui até para o Bahrein, mas quando cheguei lá vi que a situação era totalmente diferente. Cancelei o contrato e voltei para o Brasil. No começo de novembro surgiu a chance de ir para o URT-MG, mas optei pelo América-RN porque era mais perto de casa. Já conhecia o clube", disse o jogador, que chegou dia 20 de novembro ao time potiguar.

Apesar de ter 1,90m, se engana quem pensa que Tiago Orobó é um centroavante fixo estilo "poste".

"Se as coisas estão dando certo é porque me preparei todo esse tempo. Eu precisava de uma chance para mostrar e futebol. Tinha dito para meus amigos e familiares que iria jogar no melhor clube da minha carreira e na posição que mais gosto, que é aberto pelo lado direito".

Com o destaque na temporada, Orobó espera alçar voos mais altos no futuro.

"Tenho sonho de chegar a um clube grande de Série A do Brasileiro. Estou muito feliz porque a torcida é muito boa, estou jogando Copa do Brasil e Copa do Nordeste. Graças a Deus as coisas estão acontecendo".

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Começo de carreira

Nascido em Orobó-PE, Tiago teve uma infância humilde e precisou fazer 'bico' em uma padaria para ajudar a família.

"Eu trabalhava com um pouco de tudo lá dentro: entregava pão, limpava o chão e ia também para o caixa quando precisava. No final do serviço, levava uns pães para casa", contou.

Fã de Ricardo Oliveira, do Atlético-MG, ele começou no futebol aos 16 anos de forma inusitada.

"Meu amigo Marcelo, que jogava no profissional, me indicou para fazer teste no Araripina. Eu não tinha dinheiro para nada e Marquinhos fez uma 'vaquinha' no comércio para eu poder viajar e conseguir uma chuteira. Eu coloquei meu nome de Orobó em homenagem às pessoas da cidade que me ajudaram", contou.

Aprovado no teste, Tiago Orobó passou por várias dificuldades quando morava o alojamento do clube.

"Tinha muita dificuldade até para comer porque o Marcelo me ajudava muito. Se não fosse ele acho que não chegava. Eu treinava no terrão e não tinha condições de nada", contou.

Após começar como meia, ele foi deslocado para atacante aberto pelas pontas. Quando subiu ao profissional, porém, ele teve poucas chances. O jovem passou a ser emprestado para ganhar experiência.

"Eu era novo e não confiavam muito em mim. Fui para o Pesqueira, da segunda divisão, mas não joguei também. Depois, passei no Mogi Mirim, que era comandado pelo Rivaldo, para jogar a Copa São Paulo, mas também não atuei", contou.

Após voltar ao Araripina e perceber que não teria como atuar, Orobó jogou por Timbaúba, Porto, Socorrense, Coruripe, Jacuipense, Confiança e Campinense. Em 2018, o atacante foi para o Qadsia, do Kwait.

"Tive muita dificuldades por causa da comida, da língua e da cultura serem totalmente diferentes. Eu não sabia falar inglês. Fui campeão da Copa do Príncipe e vice-artilheiro do clube com 8 gols. Depois, fui para o Maringá-PR jogar o Paranaense do ano passado. Me machuquei e não tive muita chances depois", relatou.

Fanático por NBA, Tiago Orobó gosta de comemorar seus gols com Three Goggles - colocando as mãos nos olhos em forma de binóculos.

"Assisto todos os dias. Daí, os caras fazem isso lá e achei legal. Não tem um significado, mas a torcida aqui já chama de 'oclinho' e 'binóculos'. A criançada gosta", finalizou.

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