Basicamente, agindo proativamente e de maneira muito rápida, a partir das
experiências com crises anteriores — em especial a SARS, que em 2003 deixou
relativamente menos vítimas que a COVID-19 na China, mas assustou bastante a
população e causou tanto estrago quanto a nova ameaça. Em 2004, Taiwan, que
fica a apenas 130 quilômetros da China continental, criou mecanismos de defesa
com uma lista de 124 "itens de ação", incluindo controles de
fronteiras, políticas escolares e de trabalho, planos de comunicação pública e
avaliações de recursos de hospitais.
Assim, no final de 2019, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS)
recebeu da China notificações sobre uma “pneumonia desconhecida” em Wuhan, as
autoridades taiwanesas já ficaram em alerta, antes mesmo dos vizinhos
perceberem que se tratava do novo coronavírus. No dia 20 de janeiro, o Centro
de Controle de Doenças entrou em contato com o Centro Nacional de Saúde e
equipes treinadas identificaram a possibilidade de surto e a gravidade da
situação.
Um estudo do Centro de Dinâmicas de Doenças Transmissíveis da
Universidade de Harvard estima que Cingapura detecta quase três vezes mais
casos que a média global devido à sua forte vigilância de doenças e
rastreamento rigoroso de contato dos infectados.
Banco de dados foi essencial
Taiwan, Cingapura e Hong Kong agiram de forma semelhante, cruzando os
bancos de dados sobre a situação dos pacientes e as ações no sistema médico dos
países. Todos que apresentaram condições da COVID-19 foram analisados em tempo
real, a partir do dia 27 de janeiro, e tiveram prioridade no atendimento — o histórico
de viagens e sintomas foi registrado e, de forma ágil, estava à disposição dos
médicos.
Todos que chegaram a Taiwan foram averiguados com formulários online,
criados especialmente para esse tipo de ameaça. Quem havia viajado nos últimos
14 dias fora das áreas de risco recebeu mensagens por celular com um atestado
de saúde, para facilitar a entrada no país. Em 72 horas, o governo conseguiu
separar as pessoas com possibilidade de contágio das outras, com a ajuda do
monitoramento via dispositivos móveis. Os diagnósticos chegaram a determinar a
doença em até 20 minutos.
Um dos contaminados foi encontrado no meio de 133 pessoas por meio de
registros de saúde. Todos os pacientes com sintomas respiratórios graves foram
avaliados e o infectado foi imediatamente levado para o processo de
recuperação. Quem ficou de quarentena também recebeu um tratamento especial,
com avaliações constantes, suporte psicológico diante do isolamento e exames
sobre o estado de saúde.
Esquema especial para viagens marítimas
Além de tudo o que foi citado acima, foram criados protocolos especiais
para viagens, como um esquema especial para os passageiros que chegavam pelo
mar, principalmente os cruzeiros. Enquanto a China, por exemplo, concentrava-se
nos aeroportos, Taiwan não somente verificava as chegadas aéreas como também as
marítimas. Tudo isso teve apoio financeiro do governo. Em Cingapura, por
exemplo, trabalhadores independentes foram alistados e receberam cerca de US$
75 por dia para auxiliar os profissionais já presentes na rede pública.
Linhas telefônicas gratuitas foram disponibilizadas para receber relatos
das pessoas com suspeitas da COVID-19. E mesmo quando o atendimento ficou
congestionado, as redes municipais foram acionadas pelas autoridades federais,
que exigiram soluções locais para cada praça, incluindo checagem constante.
Como dá para notar, o fato de Taiwan, Cingapura e Hong Kong não
apresentarem tantas confirmações do novo coronavírus e casos fatais da COVID-19
não se trata de sorte. Planejamento, execução ágil e correta, e integração de
dados com união de esforços de várias agências e da própria população foram
determinantes.
Fonte: Claudio Yuge/Canaltech
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