Segundo a artista, Patrimônio Vivo de Pernambuco, a Fundarpe não aceitou
reajustes em seu cachê
Aos 76 anos de idade recém-celebrados com um show em São Paulo, a
cirandeira Lia de Itamaracá comemora os convites e contratos assinados para
shows pelo Brasil em 2020, a exemplo do carnaval. E apesar de estar circulando
o País com o seu novo show, Ciranda Sem Fim, a artista decidiu se recusar a
cantar nos palcos do Governo de Pernambuco no Carnaval 2020. O motivo? A
Fundarpe não aceitou o reajuste no cachê da pernambucana, que é Patrimônio Vivo
do Estado, no valor de R$ 7 mil.
Segundo informações da assessoria e o empresário de Lia, o cachê da
cirandeira, no valor de R$ 18 mil, não sofre reajustes há 12 anos. Em 2018, inclusive,
ela também não se apresentou pelo Estado por falta de pagamento. A artista
também lamenta ter que se recusar a cantar nos palcos do Governo de Pernambuco
durante a folia, mas afirma que essa é uma maneira de protestar para que a
Fundarpe valorize os artistas da terra.
“A festa é para misturar todas as culturas. Não tenho nada contra os
artistas de fora, mas os cantores da cultura popular também precisam ser
valorizados e ter dignidade para trabalhar”, explicou a cantora. Lia também
lembra que a Prefeitura de Itamaracá não contratou qualquer show da artista
para o carnaval na cidade em 2020.
O reajuste no cachê de Lia de Itamaracá é necessário devido às demandas
de seu novo espetáculo, que adicionou novos músicos e tem a presença do DJ
Dolores. “Apesar do valor não ser alto, a Fundarpe não fez o reajuste e ficou
inviável para a gente trabalhar dessa forma. Agora, com o show Ciranda Sem Fim,
a banda cresceu e temos a participação de outros músicos, como o DJ Dolores,
por exemplo. Não dá para permanecer recebendo a mesma coisa”, desabafa Beto
Hees, empresário da artista.
Mesmo com este entrave com o Governo do Estado, Lia segue confirmada para
shows no Recife em contratos com a prefeitura da capital durante a folia de
momo. Com eles, o valor da artista foi reajustado desde o Réveillon, sem
maiores problemas. Na próxima segunda-feira (24), a ciranda acontece no Pátio
de São Pedro, a partir das 19h. No dia seguinte (25), Lia se apresenta na Praça
do Arsenal, também às 19h.
O OUTRO LADO
O Jornal do Commercio entrou em contato com a Fundarpe solicitando uma
resposta. Em nota, o órgão ligado ao Governo do Estado disse que existe "uma
demanda de quase uma centena de pleitos" sobre reajuste de cachês e que a
Fundarpe pretende "tratar do assunto, juntamente com a Empetur, após o
Carnaval". A instituição ainda lamentou que a artista tenha recusado as
apresentações para o Governo do Estado no Carnaval 2020, "mas respeitamos
a decisão". Leia a nota na íntegra:
Lia de Itamaracá é Patrimônio Vivo de Pernambuco e uma das artistas mais
queridas e valorizadas pela gestão estadual de cultura. Em 2019, foram
contratados três shows de Lia para o Carnaval de Pernambuco. A artista também
fez show na Fenearte, onde foi homenageada; e ainda uma participação especial
no Palco Mestre Dominguinhos, durante o Festival de Inverno de Garanhuns, ao
lado da cantora Mariene de Castro.
Em janeiro de 2020, também houve apoio para o lançamento do novo disco
“Ciranda Sem Fim”, de Lia de Itamaracá, que aconteceu na Ilha de Itamaracá.
Sobre aumento de cachê, existe hoje na Fundarpe uma demanda de quase uma
centena de pleitos. A Fundarpe pretende tratar do assunto, juntamente com a
Empetur, após o Carnaval. A ideia é criar uma comissão para que as demandas de
artistas pernambucanos, sobre aumento de cachê, sejam avaliadas a partir de
critérios únicos. Lamentamos que a produção de Lia de Itamaracá tenha feito a
opção de não aceitar propostas para o Carnaval deste ano, mas respeitamos a
decisão.
Do NE10
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