Foto/Edinho Soares
Realizada em Orobó, uma Oficina de Formação em
doenças falciformes. O evento foi realizado no Portal de Inclusão Digital em
Orobó. O projeto foi uma ação articulada pela Coordenadoria Municipal da
Mulher, coordenadora Bruna Cristina e com a Secretaria da Mulher do Estado de
Pernambuco, contando com a presença de dezenas de mulheres de Orobó.
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A anemia falciforme prejudica a qualidade de vida de
diversas formas devido à dor e às doenças secundárias de órgãos. A dor
associa-se à ansiedade, falta de sono, perda de emprego, baixa frequência
escolar (para crianças), internação frequente e expectativa de vida reduzida.
Um dos piores efeitos é o estigma social para aqueles que usam narcóticos
regularmente.
Além disso, há doenças
de órgãos: úlceras dolorosas nas pernas que reduzem a mobilidade, retinopatia
que prejudica a visão, priapismo que causa desconforto sexual, hipertensão pulmonar,
AVC (acidente vascular cerebral) e doenças renais são complicações de difícil
tratamento que requerem internação e reduzem a sobrevivência.
A dor aguda afeta de duas formas: causa desconforto e exige internação; os pacientes que precisam usar opióides com frequência ou por longos períodos, muitas vezes ficam com medo de tornarem-se dependentes da medicação, o que acaba dificultando o tratamento.
Não existem estudos clínicos substanciais. No
entanto, estudos experimentais e pré-clínicos demonstram efeitos adversos dos
opióides em doenças renais, funções endoteliais, inflamações e hipertensão
pulmonar.
Os canabinóides podem agir de duas formas
diferentes: primeiramente, como analgésicos, agindo diretamente sobre o sistema
nervoso central; depois, agindo diretamente sobre esta doença reduzindo a
inflamação, a ativação endotelial e a lesão por hipóxia e por reperfusão.
Mas principalmente, os
canabinóides não viciam e podem ser administrados na forma de vapor, produzindo
efeitos citotóxicos menores. Dito isto, devo acrescentar que os efeitos
psicoativos dos canabinóides continuam sendo uma preocupação devido ao seu uso
ilícito.
Economicamente, a
terapia com a cannabis é relativamente mais barata e não requer uma grande
indústria farmacêutica. A cannabis foi usada por séculos e é facilmente
encontrada, o que é uma grande vantagem, já que a invenção e desenvolvimento de
qualquer nova droga para uso em seres humanos demora mais de uma década e
requer grande investimento.
Sobre o
mecanismo da ação dos canabinóides em animais com anemia falciforme. Estamos
também tentando começar um estudo clínico para examinar a eficácia das terapias
com cannabis para tratar a dor de pacientes com anemia falciforme. Melhorar o
entendimento dos mecanismos de dor nas crises de anemia falciforme é importante
para desenvolver terapias eficazes para tratá-la. Além disso, experimentar
terapias alternativas para promover conforto aos pacientes pode melhorar o
gerenciamento da doença.
Houve progresso, mas não no mesmo ritmo
que para outras doenças como, por exemplo, no caso da diabetes, da doença
cardiovascular ou do câncer. Considerando a diversidade de patologias
associadas à anemia falciforme, são necessários estudos interdisciplinares que
envolvam equipes especialistas em pesquisa genética, molecular, engenharia e
translacional para desenvolver o campo. Hoje em dia há um maior conhecimento
sobre dor e uma maior dedicação para entendê-la e consequentemente melhorar o
gerenciamento da dor com os anos.
A falta de conhecimento e investimentos para a pesquisa
da anemia falciforme em geral que recebe os menores incentivos para pesquisa.
Por exemplo, nos Estados Unidos não existe quase nenhum financiamento
filantrópico para a pesquisa da anemia. A complexidade desta doença e a
dificuldade em achar modelos animais representam outro obstáculo à pesquisa,
tornando-a mais cara e mais demorada.
pesquisadora Kalpna Gupt
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