Operação apura esquema que teria
desviado R$ 200 milhões em dois lotes da obra tocados por OAS, Galvão
Engenharia, Barbosa Melo e Coesa por meio dos doleiros Alberto Youssef e Adir Assad,
já condenados na Lava Jato
Obras da Transposição do São Francisco.
Foto: Genival Paparazzi/Estadão
Um consórcio formado pelas empresas OAS,
Galvão Engenharia, Barbosa Melo e Coesa, responsável por dois dos 14 lotes da
transposição do Rio São Francisco é alvo de operação da Polícia Federal
deflagrada na manhã desta sexta-feira, 11, chamada Vidas Secas. O grupo, do
qual quatro empreiteiras já são investigadas na Lava Jato, é suspeito e superfaturamento e de usar empresas de fachada dos doleiros Alberto Youssef e Adir Assad, já
condenados por envolvimento no esquema da Petrobrás, para desviar cerca de R$
200 milhões destinados à transposição, no trecho que vai do agreste do Estado
de Pernambuco até a Paraíba.
Apesar das coincidências com a operação
tocada pelo juiz Sérgio Moro, no Paraná, a investigação começou na Polícia
Federal no Recife (PE) independente da Lava Jato. Ao perceber que os alvos se
cruzaram, contudo, a Polícia Federal compartilhou informações com a
força-tarefa da emblemática operação que desmontou o esquema de corrupção na
Petrobrás.
Alberto Youssef (esq) e Adir Assad
(dir), condenados na Lava Jato. Foto: Estadão e Futura Press
Cerca de 150 policiais federais cumprem
nesta manhã 32 mandados, sendo 24 de busca e apreensão, 4 de condução
coercitiva e quatro de prisão nos Estados de Pernambuco, Goiás, Mato Grosso,
Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia e em Brasília.
Dentre as empresas usadas pelas
empreiteiras para desviar o dinheiro está a MO Consultoria, pertencente a
Youssef e usada por ele também para desviar dinheiro e irrigar o caixa de
partidos e políticos no esquema de corrupção na Petrobrás revelado na Lava
Jato. Além disso as empresas de Assad também teriam sido utilizadas. Youssef e
Assad já foram condenados pelo juiz Sérgio Moro devido ao envolvimento no
esquema na Petrobrás.
Entre 2009 e 2013 a MO Consultoria
movimentou R$ 90 milhões no esquema da Petrobrás.
Obra. A obra de transposição do rio São
Francisco é tocada pelo governo federal e foi reiniciada na gestão do
ex-presidente Lula. Segundo o Ministério da Integração Nacional, responsável
pela execução, a obra engloba a construção de quatro túneis, 14 aquedutos, nove
estações de bombeamento e 27 reservatórios. Desde que foi retomada, ela se
arrasta há oito anos.
Além da recuperação de 23 açudes
existentes na região que receberão as águas do rio São Francisco. O projeto
esta orçado em R$ 8,2 bilhões, com base na planilha orçamentária vigente.
O governo diz que a obra beneficiará uma
população estimada de 12 milhões de habitantes, em 390 municípios nos Estados
de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, onde a estiagem ocorre
frequentemente. A Região Nordeste possui 28% da população brasileira e apenas
3% da disponibilidade de água. O Rio São Francisco apresenta 70% de toda a
oferta regional.
Em outubro deste ano, conforme o
ministério, 81% da execução física da obra estava concluída, sendo o Eixo Norte
com 82,2% e o Eixo Leste com 79,2%.
O Tribunal de Contas da União (TCU)
apontou entre 2005 e 2013 irregularidades que somam R$ 734 milhões nas obras da
transposição. O que inclui, contratos que não foram honrados ou que tem
sobrepreço, pagamento duplicado por obras ou pagamento de serviços que não
foram executados.
Reportagem: ESTADÃO- POR ANDREZA MATAIS, MATEUS COUTINHO E FAUSTO MACEDO
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