BLOG DO EDINHO SOARES: INFLAÇÃO ATINGE PATAMAR MAIS FRACO DESDE 99

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

INFLAÇÃO ATINGE PATAMAR MAIS FRACO DESDE 99

A inflação oficial desacelerou em agosto e ficou abaixo do esperado diante da forte queda dos preços dos alimentos, acumulando alta inferior a 2,5 por cento em 12 meses e mantendo aberto o caminho para que o Banco Central prossiga reduzindo os juros básicos mesmo diante de sinais de retomada da economia.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,19 por cento em agosto, contra avanço de 0,24 por cento em julho, informou nesta quarta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), menor taxa para o mês desde 2010 (+0,04 por cento).

Nos 12 meses até agosto, o IPCA subiu 2,46 por cento, patamar mais fraco desde fevereiro de 1999 (2,24 por cento) e abaixo dos 2,71 por cento vistos até julho. Assim, o índice foi ainda mais abaixo do piso da meta oficial de inflação para este ano, de 4,5 por cento com margem de 1,5 ponto percentual.
Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 0,31 por cento em agosto, acumulando em 12 meses avanço de 2,60 por cento. O resultado final ficou abaixo até mesmo das estimativas mais baixas no levantamento. 

O IBGE informou que os preços dos alimentos recuaram pelo quarto mês seguido em agosto, a 1,07 por cento, contra queda de 0,47 por cento em julho. O movimento deveu-se ao início da colheita da boa safra agrícola no país, com destaque para feijão-carioca (-14,86 por cento), tomate (-13,85 por cento), açúcar cristal (-5,90 por cento) e leite longa vida (-4,26 por cento).

"A safra e a demanda menor estão contendo a inflação. Os alimentos reúnem 153 itens, sendo que 100 estão em queda e muitos de peso relevante na mesa dos trabalhadores", explicou o gerente do IBGE para o IPCA Fernando Gonçalves.

COMBUSTÍVEIS

O resultado do grupo Alimentação e Bebidas compensou em boa parte a alta de 1,53 por cento de Transportes no mês, provocada principalmente pelo aumento de 6,67 por cento nos preços dos combustíveis. O IBGE explicou que, dentro do período de coleta do IPCA do mês passado, foram anunciados 19 reajustes de preços da gasolina dentro da nova política da Petrobras.

A inflação fraca foi um dos fatores que ajudaram a impulsionar a economia no segundo trimestre, em cenário de desemprego caindo mais rápido do que o esperado.

"A desaceleração da inflação ajuda a retomar o padrão de vida da população. Com o fim do efeito do FGTS na economia, a inflação e os juros mais baixos oferecem perspectiva de que o consumo pode melhorar", afirmou o economista-sênior do banco Haitong, Flávio Serrano.

Apesar dos sinais de melhora econômica, a pressão inflacionária contida favorece a manutenção do ritmo forte de corte de juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC que termina nesta noite, e abre ainda mais espaço para Selic mais baixa ao final desse ciclo de afrouxamento monetário.

"Ajuda a reforçar um cenário de Selic ainda menor este ano. Com os números recentes, o BC pode levar os juros para mais próximo de 7 por cento, ainda que tenha que voltar a elevá-los no ano que vem", avaliou o economista da Votorantim Corretora Carlos Lopes, que vai reduzir sua projeção de Selic de 8 por cento este ano.

A expectativa em geral é de mais um corte de 1 ponto percentual, o quarto dessa magnitude, na reunião do BC desta quarta-feira, levando a Selic para 8,25 por cento. [nL2N1LI1RQ]
Veja a inflação do IPCA por categoria:

Agosto Julho

- Alimentação e bebidas -1,07 -0,47
- Habitação 0,57 1,64
- Artigos de residências 0,20 -0,23
- Vestuário 0,29 -0,42
- Transportes 1,53 0,34
- Saúde e cuidados pessoais 0,41 0,37
- Despesas pessoas 0,29 0,36
- Educação 0,24 -0,02
- Comunicação -0,56 -0,02
- IPCA 0,19 0,24

Por/Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira – Colaboradores: Thaís Freitas; Edição de Patrícia Duarte

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