Força-tarefa reitera que considera falsos recibos apresentados por lula
A força-tarefa da Operação Lava Jato apresentou alegações finais no
procedimento que apura se a defesa do ex-presidente Lula forneceu recibos de
aluguel falsos ao juiz Sergio Moro e reiterou que considera que houve falsidade
ideológica por parte do petista.
O procedimento, chamado incidente de falsidade criminal, tramita
paralelamente à ação penal em que Lula é réu sob acusação de receber propina da
Odebrecht para adquirir um terreno para o Instituto Lula, em São Paulo.
A mesma ação penal também aborda a suposta compra, pelo ex-presidente, do
apartamento vizinho ao que mora, em São Bernardo do Campo, com dinheiro da
Odebrecht.
Segundo a acusação, o imóvel, comprado por um laranja, Glaucos da
Costamarques, era ocupado pelo presidente, que nunca pagou aluguel pelo uso.
A defesa do petista, ao ser cobrada por Moro para mostrar provas que
comprovassem o pagamento da locação, apresentou então em setembro um conjunto
de recibos assinados por Costamarques.
Os procuradores contestam a autenticidade desse material. Nas alegações
finais, protocoladas na noite de quinta (11), a força-tarefa afirma que os
recibos foram produzidos para "atribuir fictício lastro à locação simulada
do apartamento".
O Ministério Público Federal diz que a apuração sobre o caso corrobora a
versão apresentada por Costamarques, que disse que assinou uma série de recibos
de anos anteriores enquanto esteve internado no Hospital Sírio-Libanês, no fim
de 2015.
Os procuradores dizem que os registros do hospital mostram três visitas
naquela época do contador João Leite Muniz, que trabalhava para Roberto
Teixeira, compadre e advogado de Lula.
Muniz, relatam os procuradores, contou ter levado recibos de "alguns
meses" de 2014 e 2015, embora tenha dito que providenciou as assinaturas
apenas para "atender ao seu 'rito' pessoal de organização de documentos de
seus clientes".
O documento também cita como prova registros de dez ligações telefônicas
entre Costamarques e Teixeira no período da internação, o que indicaria que estariam
combinando as assinaturas.
Um dos principais argumentos da força-tarefa é o de que não existe fluxo
financeiro registrado entre contas de Lula e da ex-primeira-dama Marisa Letícia
e as do proprietário do apartamento.
OUTRO LADO
A defesa de Lula afirma que os recibos apresentados provam que houve o
pagamento da locação.
"Diante da prova de que os recibos haviam sido assinados pelo
proprietário do imóvel, os procuradores desistiram de pedir uma perícia em
relação aos documentos, passando a sustentar que eles seriam 'ideologicamente
falsos', pois, segundo a versão apresentada, os aluguéis não teriam sido
efetivamente pagos. A acusação é inverídica", diz nota dos advogados de
Lula.
A defesa também diz que a quebra de sigilo de Costamarques aponta que ele
movimentou quantia em espécie compatível com o recebimento dos aluguéis, que
somam R$ 188 mil de 2011 a 2015.
Lula ainda não apresentou suas alegações finais no caso. Após essa fase,
Sergio Moro vai dar a sua posição final no procedimento. Essa decisão será
levada em conta para a elaboração da sentença da ação penal sobre o terreno do
Instituto Lula.
Futura Press-Paulo Lopes/Felipe Bächtold
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