terça-feira, 25 de outubro de 2016

REALIZADA EM OROBÓ UMA OFICINA DE FORMAÇÃO EM DOENÇAS FALCIFORMES

Foto/Edinho Soares
Realizada em Orobó, uma Oficina de Formação em doenças falciformes. O evento foi realizado no Portal de Inclusão Digital em Orobó. O projeto foi uma ação articulada pela Coordenadoria Municipal da Mulher, coordenadora Bruna Cristina e com a Secretaria da Mulher do Estado de Pernambuco, contando com a presença de dezenas de mulheres de Orobó.
A anemia falciforme prejudica a qualidade de vida de diversas formas devido à dor e às doenças secundárias de órgãos. A dor associa-se à ansiedade, falta de sono, perda de emprego, baixa frequência escolar (para crianças), internação frequente e expectativa de vida reduzida. Um dos piores efeitos é o estigma social para aqueles que usam narcóticos regularmente.

Além disso, há doenças de órgãos: úlceras dolorosas nas pernas que reduzem a mobilidade, retinopatia que prejudica a visão, priapismo que causa desconforto sexual, hipertensão pulmonar, AVC (acidente vascular cerebral) e doenças renais são complicações de difícil tratamento que requerem internação e reduzem a sobrevivência.

A dor aguda afeta de duas formas: causa desconforto e exige internação; os pacientes que precisam usar opióides com frequência ou por longos períodos, muitas vezes ficam com medo de tornarem-se dependentes da medicação, o que acaba dificultando o tratamento.

Não existem estudos clínicos substanciais. No entanto, estudos experimentais e pré-clínicos demonstram efeitos adversos dos opióides em doenças renais, funções endoteliais, inflamações e hipertensão pulmonar.

Os canabinóides podem agir de duas formas diferentes: primeiramente, como analgésicos, agindo diretamente sobre o sistema nervoso central; depois, agindo diretamente sobre esta doença reduzindo a inflamação, a ativação endotelial e a lesão por hipóxia e por reperfusão.

Mas principalmente, os canabinóides não viciam e podem ser administrados na forma de vapor, produzindo efeitos citotóxicos menores. Dito isto, devo acrescentar que os efeitos psicoativos dos canabinóides continuam sendo uma preocupação devido ao seu uso ilícito.

Economicamente, a terapia com a cannabis é relativamente mais barata e não requer uma grande indústria farmacêutica. A cannabis foi usada por séculos e é facilmente encontrada, o que é uma grande vantagem, já que a invenção e desenvolvimento de qualquer nova droga para uso em seres humanos demora mais de uma década e requer grande investimento.

Sobre o mecanismo da ação dos canabinóides em animais com anemia falciforme. Estamos também tentando começar um estudo clínico para examinar a eficácia das terapias com cannabis para tratar a dor de pacientes com anemia falciforme. Melhorar o entendimento dos mecanismos de dor nas crises de anemia falciforme é importante para desenvolver terapias eficazes para tratá-la. Além disso, experimentar terapias alternativas para promover conforto aos pacientes pode melhorar o gerenciamento da doença.

Houve progresso, mas não no mesmo ritmo que para outras doenças como, por exemplo, no caso da diabetes, da doença cardiovascular ou do câncer. Considerando a diversidade de patologias associadas à anemia falciforme, são necessários estudos interdisciplinares que envolvam equipes especialistas em pesquisa genética, molecular, engenharia e translacional para desenvolver o campo. Hoje em dia há um maior conhecimento sobre dor e uma maior dedicação para entendê-la e consequentemente melhorar o gerenciamento da dor com os anos.

A falta de conhecimento e investimentos para a pesquisa da anemia falciforme em geral que recebe os menores incentivos para pesquisa. Por exemplo, nos Estados Unidos não existe quase nenhum financiamento filantrópico para a pesquisa da anemia. A complexidade desta doença e a dificuldade em achar modelos animais representam outro obstáculo à pesquisa, tornando-a mais cara e mais demorada.
 pesquisadora Kalpna Gupt



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.